Em maior ou menor grau, todos sentem o
que chamamos de "ansiedade" boa parte do tempo. Os momentos verdadeiros
de relaxamento e paz interior autênticos são raros. A dificuldade em viver
no presente é um dos maiores contribuidores da ansiedade. A pressa é uma
das manifestações do não conseguir viver no presente. Desenvolvemos o hábito
de viver apressados. E o que é a pressa? É a vontade de estar no momento
seguinte enquanto você ainda está aqui e agora.
Você acorda, mal se espreguiça e a cabeça
já vai a mil por hora pensando que tem que ir escovar os dentes e tomar
banho. Não dá nem pra curtir a espreguiçada. Quando está no banho, somente
o seu corpo está no banho, pois sua cabeça está no momento seguinte pensando
que tem que comer rápido, ou pensando que tem chegar ao trabalho. O banho
poderia ser uma atividade prazerosa, mas é realizado de forma rápida e
mecânica porque você quer estar no momento seguinte.
Quando entra no carro, seu corpo está no carro, mas você quer já ter chegado ao trabalho, mas você ainda não chegou. Então, o coração acelera, o corpo fica inquieto. Você perde de passar no semáforo por pouco por que o cidadão da frente andou devagar. Ai surge raiva e aumenta a impaciência. O engarrafamento vira o inimigo que o impede de chegar no momento seguinte. Mas quando você chega no momento seguinte não há paz: você já quer que chegue o próximo.
Chega no trabalho, e você aperta o botão do elevador três vezes, com força, pra que o elevador chegue mais rápido. Você está ali esperando mas já queria estar dentro dele. E quando estiver dentro do elevador, melhor apertar também três vezes o botão de dentro, porque você está inquieto querendo sair dele.
Vai responder o primeiro e-mail já pensando que tem mais outros tantos para responder. E depois vai surgindo no pensamento o que tem que fazer depois dos e-mails. E mais tarde surge o pensamento de querer que acabe o dia pra você ir pra casa. A volta pra casa no trânsito é também ansiosa e apressada, porque você não quer estar ali.
Quando chega em casa, talvez relaxe um pouco. Talvez não. Tem que jantar, ir pra academia, fazer um trabalho que ficou pendente no horário do expediente, arrumar algo em casa, dar atenção aos filhos.
E no outro dia começa tudo de novo.
Observe, então, o mecanismo da mente de querer sempre estar no momento seguinte, gerando pressa, ansiedade, inquietação interior, aceleração do coração, causando um sofrimento. Todos esse stress altera a fisiologia. O corpo produz essa aceleração, e a química do cérebro e os hormônios são afetados.
Mas seria possível agir diferente tendo mil atividades pra fazer? Sim, claro. A mente está viciada em sair do presente momento e ir para o momento seguinte. Acontece de forma automática, inconsciente. A gente nem percebe, e parece ser normal, afinal de contas, todos mundo não é assim? A maioria é assim, é verdade. Mas existem pessoas mais presentes, mais calmas, mesmo diante de um volume grande de afazeres.
Tomar consciência desse mecanismo é o primeiro passo para começar a viver o agora, o que certamente irá diminuir a ansiedade. Quando tudo isso parece normal e nem nos damos conta da loucura que é viver dessa forma, estaremos no piloto automático sem possibilidades de quebrar o padrão. Mas, agora que temos consciência, é possível fazer um exercício para nos voltarmos para o presente.
Todas as vezes que sua mente começar a viajar para próxima atividade e você perceber, volte sua atenção para a atividade atual. Toda vez que seu corpo ficar tenso no trânsito com o engarrafamento, relaxe os músculos, respire, e volte sua atenção para o momento presente. Você está dentro do carro, naquele momento, e você escolhe aceitar essa condição totalmente.
A mente fugirá mil vezes. Pacientemente, cada vez que percebermos, voltamos a atenção para o presente.
Como o passar do tempo, a mente vai mudando o padrão. Ao invés de viver no futuro e prestar pouca atenção ao presente, ela começar a viver o presente e fazer visitas rápidas ao futuro. Assim a ansiedade diminui. As ações passam a ficar mais eficientes pois estamos executando cada tarefa com mais atenção.
Outra forma de sair do presente é quando começamos a pensar de forma preocupada em problemas que temos para resolver. É totalmente inútil, traz apenas sofrimento. O pior é quando acontece na hora de dormir, ou no meio da noite, quando não deveríamos fazer nada além de descansar.
Remoer uma discussão também é outra forma de sair do presente. Dessa vez, a mente vai para o passado e relembra o que houve. Começam a brotar pensamentos e comentários do quanto o outro foi injusto e que deveríamos ter dito isso e aquilo. Nem preciso comentar o quão inútil é tudo isso. Mesmo sendo um padrão comum para boa parte das pessoas, devemos reconhecer esse mecanismo como uma espécie de doença coletiva. Uma doença que tem cura, felizmente.
Vale ressaltar que, à medida que vamos limpando mais profundamente os sentimentos, ficamos cada vez mais tranqüilos para lidar com os novos acontecimentos.
Andre Lima - andrelimareiki@gmail.com
Colaboração: Mel Costa
Quando entra no carro, seu corpo está no carro, mas você quer já ter chegado ao trabalho, mas você ainda não chegou. Então, o coração acelera, o corpo fica inquieto. Você perde de passar no semáforo por pouco por que o cidadão da frente andou devagar. Ai surge raiva e aumenta a impaciência. O engarrafamento vira o inimigo que o impede de chegar no momento seguinte. Mas quando você chega no momento seguinte não há paz: você já quer que chegue o próximo.
Chega no trabalho, e você aperta o botão do elevador três vezes, com força, pra que o elevador chegue mais rápido. Você está ali esperando mas já queria estar dentro dele. E quando estiver dentro do elevador, melhor apertar também três vezes o botão de dentro, porque você está inquieto querendo sair dele.
Vai responder o primeiro e-mail já pensando que tem mais outros tantos para responder. E depois vai surgindo no pensamento o que tem que fazer depois dos e-mails. E mais tarde surge o pensamento de querer que acabe o dia pra você ir pra casa. A volta pra casa no trânsito é também ansiosa e apressada, porque você não quer estar ali.
Quando chega em casa, talvez relaxe um pouco. Talvez não. Tem que jantar, ir pra academia, fazer um trabalho que ficou pendente no horário do expediente, arrumar algo em casa, dar atenção aos filhos.
E no outro dia começa tudo de novo.
Observe, então, o mecanismo da mente de querer sempre estar no momento seguinte, gerando pressa, ansiedade, inquietação interior, aceleração do coração, causando um sofrimento. Todos esse stress altera a fisiologia. O corpo produz essa aceleração, e a química do cérebro e os hormônios são afetados.
Mas seria possível agir diferente tendo mil atividades pra fazer? Sim, claro. A mente está viciada em sair do presente momento e ir para o momento seguinte. Acontece de forma automática, inconsciente. A gente nem percebe, e parece ser normal, afinal de contas, todos mundo não é assim? A maioria é assim, é verdade. Mas existem pessoas mais presentes, mais calmas, mesmo diante de um volume grande de afazeres.
Tomar consciência desse mecanismo é o primeiro passo para começar a viver o agora, o que certamente irá diminuir a ansiedade. Quando tudo isso parece normal e nem nos damos conta da loucura que é viver dessa forma, estaremos no piloto automático sem possibilidades de quebrar o padrão. Mas, agora que temos consciência, é possível fazer um exercício para nos voltarmos para o presente.
Todas as vezes que sua mente começar a viajar para próxima atividade e você perceber, volte sua atenção para a atividade atual. Toda vez que seu corpo ficar tenso no trânsito com o engarrafamento, relaxe os músculos, respire, e volte sua atenção para o momento presente. Você está dentro do carro, naquele momento, e você escolhe aceitar essa condição totalmente.
A mente fugirá mil vezes. Pacientemente, cada vez que percebermos, voltamos a atenção para o presente.
Como o passar do tempo, a mente vai mudando o padrão. Ao invés de viver no futuro e prestar pouca atenção ao presente, ela começar a viver o presente e fazer visitas rápidas ao futuro. Assim a ansiedade diminui. As ações passam a ficar mais eficientes pois estamos executando cada tarefa com mais atenção.
Outra forma de sair do presente é quando começamos a pensar de forma preocupada em problemas que temos para resolver. É totalmente inútil, traz apenas sofrimento. O pior é quando acontece na hora de dormir, ou no meio da noite, quando não deveríamos fazer nada além de descansar.
Remoer uma discussão também é outra forma de sair do presente. Dessa vez, a mente vai para o passado e relembra o que houve. Começam a brotar pensamentos e comentários do quanto o outro foi injusto e que deveríamos ter dito isso e aquilo. Nem preciso comentar o quão inútil é tudo isso. Mesmo sendo um padrão comum para boa parte das pessoas, devemos reconhecer esse mecanismo como uma espécie de doença coletiva. Uma doença que tem cura, felizmente.
Vale ressaltar que, à medida que vamos limpando mais profundamente os sentimentos, ficamos cada vez mais tranqüilos para lidar com os novos acontecimentos.
Andre Lima - andrelimareiki@gmail.com
Colaboração: Mel Costa
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