terça-feira, 9 de abril de 2013

Professores ou super-heróis?


A missão de um professor é, sem sombra de dúvida, divina, sublime,
essencial para a transformação do mundo, mas temos que admitir que os
caminhos pelos quais os educadores têm de trilhar são árduos. Se, como já
disse o poeta, “ser mãe é padecer no paraíso”, então, ser professor é
padecer e quase perecer num caos social.

O professor rema constantemente contra a maré. Parece que nada conspira a
seu favor. Salas de aula transbordando de alunos, excesso de trabalho e de
burocracia, sérios problemas trazidos pelos alunos decorrentes de famílias
desestruturadas, e, ainda o descaso pela educação, pois, por mais que os
governos já tenham feito e pretendam fazer, sabemos que a educação traz
em seu bojo consequências graves, quase trágicas, de uma história de
desrespeito e de infindável descaso vivenciadas ao longo dos tempos.

Os professores estão desestimulados, literalmente cansados - é enorme a
carga horária que eles se submetem para sustentar uma vida com um mínimo de
dignidade. Pobres Mestres estão desanimados porque a desatenção da
sociedade com relação à educação e a eles é visível e evidente.

E tudo cai sobre seus ombros: paralelo ao papel de professor, isto é,
de mediador do conhecimento, ele mescla e quase assume o de pai, mãe,
psicólogo, assistente social, enfermeiro, conselheiro... E mais: Precisa
estar atualizado, mas não tem condições - falta suporte financeiro, ou
energia, ou tempo, ou os três - para bancar sua qualificação. Deve primar
pela qualidade de vida, cuidar de si (da saúde e da aparência), dar e
receber o aconchego familiar, mas não sabe de que forma, porque tem de
trabalhar dois ou até três turnos diários, e, além disso, tem de planejar
aulas, corrigir trabalhos, preencher planilhas e cadernos... Mais planilhas
e mais cadernos... Mais planilhas e mais cadernos...

Mas, apesar de tudo isso, ou melhor dizendo, acima de qualquer coisa, ele
próprio sabe – a cobrança vem, em primeiro lugar, dele mesmo e depois da
escola, dos alunos e da comunidade – que é necessário estar muito bem
consigo mesmo, em todos os sentidos, todos os dias, porque precisa, de
qualquer jeito, envolver para ensinar - durante oito, nove, dez horas-aula
- seus mais de duzentos alunos. E haja criatividade, alegria, disposição,
paciência, saúde e muita, muita energia. Ufa!

*Afinal, Professor ou Super-herói?*

É indiscutível, inegável, fundamental que o professor deve, sim, estar
atualizado(íssimo); ser afetivo; amar o que faz; ter um olhar diferenciado
para com os alunos; ser criativo; cuidar da saúde; da autoestima; ter
qualidade de vida; ensinar com paixão, alegria, dinamismo. Mas, para que
tudo isso seja viável, ele também – e com urgência - precisa ser *“visto
com outros olhos”*.Com os olhos de quem conhece o valor que tem um
educador. De quem sabe que esse educador é, antes de tudo, um ser humano,
com todas as necessidades que daí advém.

É inegável, também, que a escola e, principalmente, o professor são
importantíssimos para a construção de uma sociedade diferente dessa que
está aí, afinal, eles contribuem para a formação de cidadãos. Mas sozinhos,
mesmo se entregando de corpo e alma a essa grande e nobre missão, os
professores e a escola estão fadados ao malogro, pois sabemos que para se
construir um novo mundo é preciso qualidade e êxito na educação. E isso
somente será possível com o envolvimento e a responsabilidade de todos os
segmentos sociais. Todos têm de estar engajados, cumprindo, de verdade,
cada um o seu papel, caso contrário, a escola fracassará e o pobre
professor sucumbirá na tentativa de carregar tudo nas costas.


Jussára C Godinho

*Licenciada em Letras Português e Espanhol
Especialista em Leitura e Produção Textual
Funcionária pública - Professora

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