sábado, 6 de dezembro de 2014

Idosos em situação de abrigamento e relações familiares: uma leitura a partir das histórias de idosos da Casa Lar Benedito Franchini






FAMMA – Faculdade Metropolitana
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL  



 

 

 

 

ANTONIA PINHEIRO GOTO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

TÍTULO DO TRABALHO

Idosos em situação de abrigamento e relações familiares: uma leitura a partir das histórias de idosos da Casa Lar Benedito Franchini

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

MARINGÁ

2014

 

 

 

ANTONIA PINHEIRO GOTO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Idosos em situação de abrigamento e relações familiares: uma leitura a partir das histórias de idosos da Casa Lar Benedito Franchini

 

 

 

 

 

 

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Famma – Faculdade Metropolitana de Maringá, como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.

            Orientadora: Professora Anne Gomes

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Maringá

2014

FAMMA – Faculdade Metropolitana

 

 

ANTONIA PINHEIRO GOTO

 

 

 

 

 

 

 

Idosos em situação de abrigamento e relações familiares: uma leitura a partir das histórias de idosos da Casa Lar Benedito Franchini

 

 

 

 

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Famma – Faculdade Metropolitana de Maringá, como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.

               Orientadora: Professora Anne Gomes

 

 

 

 

 

BANCA EXAMINADORA

 

 

 

 

 

 

 

                                   __________________________________

Professora Anne Gomes

 

 

 

________________________________________________

Professora convidada Eliana Amarilha de Souza Dantas

 

                                  

 

 

Data de Aprovação:_____ de ________________ de 2014

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

DEDICATÓRIA

 

 

Dedico este trabalho à memória de minha mãe e de meu pai, que desde a minha terna idade me ensinaram o significado da ação social na vida; à toda minha família; aos idosos da instituição Casa Lar do Idoso Benedito Franchini pela colaboração e solidariedade no desenvolvimento de minha vida profissional e acadêmica.

 

 

 

AGRADECIMENTOS


 

 

 

 

A Deus pelo amor infinito e inexplicável que se fez presente em todos os momentos desta trajetória;

 

A meu esposo, Oscar Goto sempre companheiro;

 

A meus filhos: Luciano Pinheiro Goto, Paula Regina Goto e Lilian Cristina Pinheiro Goto pela motivação e empenho em meus estudos;

 

A meu neto, Arthur Pinheiro Goto, pelo singelo carinho.

 

À admirável professora e orientadora Anne Gomes pela orientação no desenvolver deste trabalho;

 

A todos amigos, profissionais da Assistência Social, que de uma forma ou outra ajudaram-me com suas contribuições;

 

À amiga e comadre Laura Lopes de Paiva, pela fraterna amizade, presença solidária, carinho e prontidão no decorrer deste estudo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Epígrafe

Como se morre de velhice

Cecília Meireles

 

 

Como se morre de velhice

ou de acidente ou de doença,

morro, Senhor, de indiferença.

 

 

Da indiferença deste mundo

onde o que se sente e se pensa

não tem eco, na ausência imensa.

 

 

Na ausência, areia movediça

onde se escreve igual sentença

para o que é vencido e o que vença.

 

 

Salva-me, Senhor, do horizonte

sem estímulo ou recompensa

onde o amor equivale à ofensa.

 

 

De boca amarga e de alma triste

sinto a minha própria presença

num céu de loucura suspensa.

 

 

(Já não se morre de velhice

nem de acidente nem de doença,

mas, Senhor, só de indiferença).

 

GOTO, ANTONIA PINHEIRO. IDOSOS EM SITUAÇÃO DE ABRIGAMENTO E RELAÇÕES FAMILIARES: UMA LEITURA A PARTIR DAS HISTÓRIAS DE IDOSOS DA CASA LAR BENEDITO FRANCHINI nº de folhas: 127 f. Graduação – FAMMA. Orientador: Anne Gomes). Maringá, 2014

 

 

Resumo

 

Palavras-chave: vulnerabilidade – envelhecimento – institucionalização - família

 

Este Trabalho de Conclusão de Curso “Idosos em situação de abrigamento e relações familiares: uma leitura a partir das histórias de idosos da casa lar Benedito Franchini” visa mostrar que a população está vivendo mais, e com isso crescendo cada vez mais o número de idosos no país. Fazendo ser necessário a intervenção do Estado através de Políticas Públicas direcionado a esse público alvo. Mostrar como funciona a Instituição Casa Lar Benedito Franchini na cidade de Maringá, instituição que abriga idosos que está em vivendo em situação de vulnerabilidades e negligência social e que tiveram seu vínculo familiar rompidos.

 

 


GOTO , ANTONIA Pinheiro . ELDERLY living in shelters AND FAMILY RELATIONSHIPS : A READING FROM THE STORIES OF THE ELDERLY HOME LAR BENEDITO FRANCHINI No. of sheets : 127 f . Graduation - FAMMA . Advisor: Anne Gomes ) . Maringa , 2014

 

 

 

ABSTRACT

 

 

SUMMARY

 

 

 

Keywords : vulnerability - aging - institutionalization - family

 

This Labor Course Completion " Seniors living in shelters and family relationships : a reading from the stories of elderly home home Benedito Franchini " aims to show that the population is living longer , and with that growing increasingly the number of elderly in the country . Making state intervention through public policies directed at this audience need be . Show how the institution Casa Lar Benedito Franchini works in the city of Maringa , an institution that houses elderly who is living in a situation of vulnerability and social neglect and who had their ruptured family ties .

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

 

Gráfico 1
Proporção de idosos de 60 anos ou mais e de 65 anos ou mais de idade – Brasil – 1999/2009 .......................................................
18
Gráfico 2
Proporção de pessoas de 60 anos ou mais de idade que declaram sofrer algum tipo de doenças crônicas, segundo os principais tipos – Brasil 2008 .........................................................
20
Tabela 1
Número de idosos 2011 em alguns estados, segundo, dados do IBGE de 2011, citado por NANÔ (2011) .......................................
22


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

 

ABEPSS       Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa do Serviço

BPC               Benefício de Prestação Continuada

CF/88             Constituição Federal de 1988

CFESS          Conselho Federal de Estudante de Serviço Social

CRAS            Centro de Referência da Assistência Social

CREAS         Centro de Referência Especial da Assistência Social

CRESS         Conselho Regional de Estudante de Serviço Social

IBGE              Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPEA              Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

LBA                Legião Brasileira de Assistencial

LOAS                         Lei Orgânica de Assistência Social

MDS               Ministério de Desenvolvimento Social

NOB               Norma Operacional Básica

PAIF               Programa de Atenção Integral a Família

PNAS            Política Nacional de Assistência Social

SUAS            Sistema Único de Assistência Social

 


SUMÁRIO

 

 

INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 12

 

I. Vulnerabilidade social e envelhecimento................................................................. 14

1.1 Definições de envelhecimento......................................................................14

1.2. Dados sobre envelhecimento no Brasil ........................................................... 18

1.3. Vulnerabilidade social: família e o cuidado da pessoa idosa ...................... 24

 

2. Políticas sociais para a pessoa idosa. ..............................................................27

2.1.1. Constituição Federal, Política Nacional do Idoso e os Direitos do Idoso. 29

2.1.2. Instituições abrigo para os idosos................................................................... 33

 

3. Caracterização do local de pesquisa ....................................................................... 38

3.1. Caracterização das Instituições e discussão dos dados................................ 39

3.2. Dados de identificação do usuário.................................................................... 39

3.3. Análise de dados.................................................................................................. 58

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................... 61

 

REFERÊNCIAS................................................................................................................ 62

 

ANEXO............................................................................................................................... 66

Entrevista com a Assistente Social  ............................................................................. 66

 

 

 

Introdução

 

Este Trabalho de Conclusão de Curso apresenta um estudo a respeito dos idosos em situação de abrigamento e relações familiares: uma leitura a partir das histórias de idosos da Casa Lar Benedito Franchini, haja visto que a população que está vivendo mais, e com isso crescendo cada vez mais o número de idosos no país. Fazendo ser necessário a intervenção do Estado através de Políticas Públicas direcionado a esse público alvo. Mostrar como funciona a Instituição Casa Lar Benedito Franchini na cidade de Maringá, instituição que abriga idosos que está em vivendo em situação de vulnerabilidade e negligência social e que tiveram seu vínculo familiar rompidos.

A metodologia foi documental a partir de relatórios sociais dos idosos que se encontram abrigados na instituição e sobre as causas para o abrigamento são: questões familiares, vulnerabilidades econômica e social; abandono; negligência familiar; e entrevista com a assistente social da Casa Lar Benedito Frannchini, mediante questionário dirigida a mesma sobre os abrigados, seu grau de dependência, suas patologias, e critérios para abrigamento. A seguir foi selecionado uma amostra de 18 relatórios dos idosos institucionalizados e analisados quase todos estão lá pelos mesmos motivos vulnerabilidades e negligência familiar e social, a maioria com grau de dependência III, dos 18, apenas um não faz uso de medicação controlada, as patologias são diferenciadas porém, prevalece o Mal de Alzaimer e Esquizofrenia, depois vem Hipertensão, Diabetes entre outras. Muitos não têm nenhum vínculo familiar sendo transferido para os funcionários esse vínculo, essa referência para com eles.

O Trabalho de Conclusão de Curso está subdividido em três capítulos: No primeiro capítulo apresenta a Vulnerabilidade Social e Envelhecimento: O termo vulnerabilidade social referente ao idoso diz respeito à fragilidade decorrente da própria idade avançada, da necessidade de ser monitorado, quando já não tem autonomia por si, não consegue administrar suas finanças, enfim, precisa de cuidados especiais de alguém.

A população idosa em veloz crescimento conta com a Política Nacional do Idoso que reconhece o idoso como sujeito portador de direitos, norteia e define princípios e diretrizes que assegurem os direitos sociais e as condições para que a autonomia da pessoa idosa mesmo com características diversificadas seja de total integração e participação nos grupos societários entre o poder público e a sociedade civil constituída.

No segundo capítulo versa sobre as políticas públicas sociais direcionada a esse público alvo. Embora a Assistência Social Brasileira tenha sido regulamentada pela LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social) e inclusa na seguridade social como política pública, cabe ao Estado a responsabilidade para com a garantia desses direitos.

No terceiro capítulo, apresenta a caracterização da instituição e relatório com dados dos idosos institucionalizados, e também, o grau de dependência, suas patologias e critérios para que fossem institucionalizados.

 

 

CAPÍTULO I


 

1.   Vulnerabilidade social e envelhecimento

 

O termo vulnerabilidade social referente ao idoso diz respeito à fragilidade decorrente da própria idade avançada, da necessidade de ser monitorado, quando já não tem autonomia por si, não consegue administrar suas finanças, enfim, precisa de cuidados especiais de alguém. A vulnerabilidade social, propriamente dita, é decorrente do grau de miserabilidade, doença e a ociosidade por não exercer um trabalho, surgem, dessa forma, a dependência física, econômica e social.

Muitos idosos vivem em situação de abandono por parte dos próprios familiares, perdem o espaço de seus lares, não tem voz onde vivem e dependem de favores de outros, e alguns ganham a rua como moradia, vivendo em situação precárias de saneamento básico, saúde e alimentação, fatores que os levam a sobreviver em risco social, tornando-os vulneráveis

Desta forma, compreende-se a vulnerabilidade na vida do ser humano na velhice a partir aos dos efeitos causados pela exposição a riscos de diversos aspectos, sejam eles econômicos, culturais ou sociais.

[...] A vulnerabilidade é definida como o estado de indivíduo ou grupos que por algum motivo tem a sua capacidade de autodeterminação reduzida, devido a déficits de poder de inteligência, educação, recursos, forças ou outros atributos. Que impossibilite de administrar sua própria vida e passe a depender de outros. E geralmente está relacionado a questões culturais, econômicos, de saúde [...] (SANTOS & RAMOS, 2005).    

         

A vulnerabilidade individual compreende os aspectos biológicos, emocionais, cognitivos e atitudinais, isto ocorre quando a pessoa pensa, o que ela faz, ou o que ela quer, é o que ao mesmo tempo expõe ou não um agravo à saúde e geralmente está relacionado à idade, à hereditariedade na maioria das vezes. Embora no Brasil através de políticas públicas específicas já exista uma melhoria na assistência médica e respectivos medicamentos, psicológica, alimentação mais saudável com orientações básicas, incentivos e suporte nas atividades físicas, mesmo que Isso, ainda seja básico, já contribui para minimizar a vulnerabilidade e melhorar a qualidade de vida da população mais idosa.

[...] As perdas sucessivas de autonomia e controle provocam sentimentos de ansiedade, tristeza, irritação, medo e a necessidade de adaptação a um novo estilo de vida. Adaptar-se à situação de incapacidade é algo difícil, pois a forma com que o idoso passa a viver muda muito [...] (SANTOS & RAMOS, 2005)

 

Com a idade, as doenças crônicas e degenerativas nos idosos são prevalentes, como a doença de Alzheimer, a doença de Parkinson, as doenças reumáticas, bem como a perda da capacidade funcional como a dificuldade em realizar tarefas do cotidiano, da sua higiene pessoal, as suas atividades de vida diária, isso influência na qualidade de vida familiar, e afetando também a sua vida social, com isso gradativamente vai diminuindo a memória, aos poucos ele vai sentindo a solidão e também se sentindo abandonado e vem também acompanhado de outros fatores que também pode influenciar como a aposentadoria insuficiente para o sustento, a incapacidade de administrar seus bens, acarretando risco pessoal e social e não tendo o suporte familiar adequado, esse muitas vezes negligenciado e até com maus tratos. Se tornando um problema social.

 

1.1 Definições de envelhecimento

O envelhecimento populacional é um fenômeno recente na história da humanidade. Ele vem acompanhado de significativas transformações demográficas, biológicas, sociais, econômicas e comportamentais. A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera o envelhecimento populacional, como uma história de sucesso, das políticas de saúde públicas e sociais e portanto a maior conquista e maior triunfo da humanidade no último século.

Com essa conquista vêm junto as necessidades de se criar políticas e programas que contemplem os direitos e as necessidades desses idosos, para promover um envelhecimento digno e com qualidade de vida a que todos têm direito.

[...] O envelhecimento da população associa-se a importantes transformações sociais e econômicas, bem como a mudanças no perfil epidemiológico, o que gera novas demandas de serviço em diversas áreas. O aumento da longevidade, os aspectos a ela inerentes fazem o fenômeno do envelhecimento constituir uma questão atual [...] (SANTOS, 2001). 

 

O envelhecimento é de natureza biológica, porém traz várias consequências e várias complicações: uma delas e a perda da autonomia, vai perdendo sua capacidade de se auto cuidar isto leva à dependência parcial ou total, muitas vezes com agravos de problema de saúde, trazendo ao idoso risco pessoal e social.

[...] A deterioração dos parâmetros físicos, como força muscular, resistência muscular, equilíbrio, flexibilidade, agilidade e coordenação, levam à limitação funcional que poderá ocasionar a dependência física, ou seja, se os parâmetros físicos declinarem abaixo do nível requerido para a realização das atividades da vida diária, como cuidados pessoais básicos, como se vestir, banhar-se, levantar-se da cama e sentar-se numa cadeira, utilizar o banheiro, comer e caminhar, isto resultará em dependência funcional e acabará influenciando na qualidade de vida do idoso [...] (OKUMA, 1999).

 

Os idosos, atualmente, classificam-se em três etapas: idoso jovem, idoso intermediário e o idoso dependente.

O Idoso jovem possui autonomia, é aquele que faz tudo sozinho, pratica esporte, vida social regular, responsável por suas finanças, não necessita de monitoramento. Boa parte dessa população está introduzida no mercado de trabalho, isto aumenta a autoestima prolongando a vida.

O Idoso intermediário são aqueles semi-dependentes funcionais, aqueles que necessitam parcialmente do auxílio de uma bengala, por exemplo, para se locomover, mas que são eventualmente orientados, porém, aos poucos adquirem a dependência, esquecem o horário de tomar medicamentos. Á medida que se isolam vão perdendo os vínculos, não sai mais de casa, não visitam amigos, muitos perdem o vínculo familiar até caírem no esquecimento total.

O Idoso dependente é aquele que não pode se auto cuidar, necessita de um cuidador para se alimentar, higienizar, não tem mais autonomia sobre seu dinheiro e seus bens, muitos são institucionalizados por estarem totalmente dependentes.[1]



É fundamental refletir com o próprio idoso sobre sua contemporaneidade, levando-o a perceber-se como sujeito do tempo presente, com possibilidades e perspectivas de tempo futuro. Despertá-lo para a necessidade de construir um projeto de vida que lhe confira significado incentivando-o e valorizando a sua capacidade de sonhar, de ter vontade, de desejar, de criar, pois sem projeto não há vida em sentido humano, segundo, (MACHADO, 2003, p.80).

[...] A falta de controle pessoal e as dificuldades em realizar tarefas corriqueiras são aspectos que ameaçam o bem-estar individual e podem gerar angústia, sentimentos de solidão, problemas de saúde mental e quadro sintomático depressivo. Fatores que podem afetar a qualidade de vida na velhice [...] (FORTES-BURGOS NERI & CURPETINO 2008, p. 87)

 

As pessoas idosas contribuíram e continuam contribuindo com a sociedade em que vivem e com a nação através de seus impostos, já recolhidos ao longo da vida, e a recolher. Por isso, deve se preservar o direito de igualdade, de oportunidades e de um tratamento satisfatório em todos os aspectos de vida.

[..] O envelhecimento é um fenômeno que inspira grande preocupação dos governos principalmente no que se refere à esfera social, econômica e de saúde. Este não pode ser evitado, mas a maneira de se envelhecer pode ser mudada dependendo do estilo de vida, cultura, lazer, contexto socioeconômico de cada indivíduo. A população brasileira segue a tendência mundial, sendo esse fenômeno o resultado da equação formada pela combinação do aumento da expectativa de vida média com a queda da fecundidade [...] (CARVALHO; GARCIA 2003).

 

   Chegar à velhice é um fato a que todos viventes irão passar, porém pode se chegar a ela gozando de saúde, dependendo do estilo de vida que se leva, para isso será necessária a mudança de hábitos e adequação a outros mais condizentes com a nova realidade.

   A maioria das doenças são adquiridas ao longo de uma vida deficitária, ou sedentária, mas acentua-se com a idade avançada. Trazendo sequelas às vezes irreversíveis e doenças crônicas, como hipertensão, diabetes, doenças respiratórias, DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) doenças cardiovasculares entre outras. A pessoa tem de levar uma vida regrada de cuidados para evitar a dependência parcial e ou total, quando não se é medicado adequadamente corre se o risco de adquirir um AVC, (acesso venoso central), esse quando não mata deixa sequelas para o resto da vida.

É evidente que o envelhecimento tende a aumentar no século XXI, está em processo de forma gradual, contínuo e irreversível e transcorre naturalmente no país que por muito tempo possuía o jargão “crianças de hoje, homens de amanhã” tem idosos de hoje homens de ontem. Homens que contribuíram com a sociedade para a grandeza da nação, hoje são as pessoas idosas continuam contribuindo com a sociedade onde vivem, é mais que justo que tenham um tratamento digno, direito de todo cidadão.  

 

 

1.2 Dados sobre envelhecimento no Brasil

 

Atualmente, os idosos são 8,6% da população total do Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O crescente número de idosos na população brasileira é reflexo dos processos de aumento da expectativa de vida, devido ao avanço tecnológico e aos benefícios no atendimento na área da saúde pública e de redução na taxa de natalidade. Esse fato retrata o atual contexto social, econômico e político da realidade brasileira que dia a dia amplia o número de pessoas de mais idade.

 Gráfico 1 – Proporção de idosos de 60 anos ou mais e de 65 anos ou mais de idade – Brasil – 1999/2009.




IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2008, p. 191

 

Para o IBGE, o envelhecimento pode aumentar, conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 1999/2009, apresentados no gráfico acima, considerando o avanço em dez anos, entre os anos de 1999 e 2009; pois a população com mais de 60 anos era 6,2% e de 65 anos era de 9,1%. Já no ano de 2009, a população com mais de 60 anos, era de 7,8% e a de 65 anos era de 11;3 %.

Neste ínterim é possível projetar para mais dez anos, 2009 e 2019, um acréscimo significativo no número de idosos, principalmente pelo fato de que a população brasileira está vivendo mais e com qualidade de vida melhor que na década anterior.

[...] No ano de 2009, a população de idosos brasileiros era de aproximadamente 21 milhões, o percentual de indivíduos com idade superior a 60 anos ou mais de idade entre 1999 e 2009 passou de 9,1% para 11,3% [...] o acelerado envelhecimento da população que se tem notado há pouco tempo em nosso meio tem exigido novos programas e políticas para os idosos, sendo de extrema importância conhecer as características dos idosos nas diferentes regiões do Brasil [...] (BENADETTI, 2004; IBGE, 2009, p. 122 ).

 

A população idosa em veloz crescimento conta com a Política Nacional do Idoso que reconhece o idoso como sujeito portador de direitos, norteia e define princípios e diretrizes que assegurem os direitos sociais e as condições para que a autonomia da pessoa idosa mesmo com características diversificadas seja de total integração e participação nos grupos societários entre o poder público e a sociedade civil constituída.




 IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2008, p.193

 

Segundo dados do IBGE, na Pesquisa Nacional por Amostras em Domicilio (PNAD) de 2008, apresentados no gráfico acima, 22,6% dos idosos afirmaram não possuir doenças. A pesquisa mostra que aproximadamente 49% dos idosos apresentavam mais de uma doença crônica. A hipertensão, doença cardiovascular, a popular pressão alta, foi a doença que mais se destacou, presente em cerca de 53,3%. Na sequência, a doença dores de coluna 35,1%, artrite ou reumatismo alcançaram 24,2% dos pesquisados.

[...] Pesquisa Nacional por Amostras em Domicilio (PNAD) de 2008, 22,6% dos idosos afirmaram não possuir doenças. Aproximadamente 49, % dos idosos apresentavam mais de uma doença crônica. A pressão alta (hipertensão) foi à doença com maior prevalência estando presente em cerca de 53,3%. Dores de coluna 35,1%, artrite ou reumatismo atingiram 24,2% dos pesquisados[...] (IBGE, 2010, 193).

 

Grande parte dessas doenças são adquiridas no decorrer da vida e a pessoa que possui um histórico de vida fragilizada e sedentária ou vulnerável, tem maior possibilidade de tais doenças se acentuarem com o avançar da idade, tornando-se até irreversíveis e gerando mais problemas e gastos para família ou Estado. 

Pois a história de vida, bem como o ambiente em que se vive interferem nas características do processo de se envelhecer que pela imensidade do Brasil, tal processo, ocorre de maneira diversificada, conforme a condição socioeconômica, sexo, moradia, saúde, educação, cultura, profissão e acesso à informação.

Também destacam:                                        

O acelerado envelhecimento da população que se tem notado há pouco tempo em nosso meio tem exigido novos programas e políticas para os idosos, sendo de extrema importância conhecer as características dos idosos nas diferentes regiões. No final do século passado, eram estimados 590 milhões de indivíduos nessa faixa etária, sendo projetado para 2025 o montante de um bilhão e duzentos milhões, atingindo dois bilhões em 2050 [...] (FERNANDES; SANTOS, 2010).

 

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estipula que o marco inicial da velhice nos países desenvolvidos é de 60 anos de idade, mas observa-se que as pessoas com a mesma idade cronológica podem ter características físicas, atitudes e disposição muito diferentes (MAZO; LOPES; BENEDETTI, 2004).

 

Provavelmente, por todos atributos que o Rio de Janeiro possui, dentre os três estados de maior população idosa, ainda, é o que possuí o menor índice de idosos no território nacional, 2,4 milhões, em sua maioria servidores públicos aposentados com boa qualidade de vida. Em seguida vem Minas Gerais com 2,6 milhões e São Paulo com 5,4 milhões, com o maior número de idosos no país, por suas próprias características refletidas na população, conforme dados do IBGE de 2011, citado por NANÔ (2011).    

[...] envelhecimento da população brasileira cristalizou-se mais uma vez na nova pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os idosos --pessoas com mais de 60 anos-- somam 23,5 milhões dos brasileiros, mais que o dobro do registrado em 1991, quando a faixa etária contabilizava 10,7 milhões de pessoas. NANÔ (2011).

 

 

                                                                                               

Número de idosos 2011 em alguns estados, segundo, dados do IBGE de 2011, citado por NANÔ (2011).


 São Paulo
5,4 milhões
Minas Gerais
2,6 milhões
Rio de Janeiro
2,4 milhões
Total 
23,5 milhões

 

A disparidade é grande em relação a outros estados como o estado do Amapá apresenta a menor parcela de idosos do país, isto é, o percentual é de 5,9% da população têm mais de 60 anos, assim, a maior parte da população é adulta, logo, vão envelhecer, pois as crianças abaixo de quatro anos representam 9,1% das pessoas, fato que comprova o significativo número de adultos a envelhecer. Outro ponto que merece atenção, também na região Norte, é o estado de Tocantins que a faixa etária dos idosos representa 9,9% da população, ao passo que as crianças são 7,6% de toda população. Já nas outras regiões brasileiras a taxa percentual de idosos ultrapassa ao número de crianças.

 

[...] os idosos brasileiros apresentaram mudanças em seu perfil, deixando de ter um perfil de mortalidade característico de população jovem para apresentar um quadro típico de doenças complexas e que ocasionam grandes gastos, próprias dessa faixa etária se tornando assim um grande desafio de gestão, impondo a implantação de novas políticas, mais modernas e eficazes que sejam capazes de atender essa nova realidade que se apresenta[...]

(VERAS, 2003, p. 2463-6).

 

Assim, faz-se necessário investir na educação familiar para um envelhecimento digno e saudável, pois, com tal estimativa de crescimento da população idosa, o Brasil poderá ser uma das nações de maior número de idosos no mundo. Em consequência, surgem grandes desafios para as políticas públicas, principalmente, a garantia do desenvolvimento social e econômico para assegurar a permanência da dignidade humana.

É evidente que a priori a responsabilidade para o cumprimento de tantos desafios seja dos governos em promover e prestar serviços sociais básicos à população idosa, contudo, as associações de idosos, as famílias, as comunidades, os voluntários, as ONGs e os próprios idosos precisam se empenhar na construção e execução dessa nova realidade no país.

Embora seja fundamental, é necessário o comprometimento da família e toda a sociedade, pois o que mais emurchece a vida é a indiferença no tratamento com o idoso, fato que se perpetua há anos. Dependendo do nível do desprezo que o idoso recebe abre uma brecha para vulnerabilidade devido a conexão com as perturbações psicossomáticas.

É relevante a participação dos idosos nos grupos societários a eles pertinentes, isto permite que eles contribuam com mais eficácia para o desenvolvimento de suas comunidades de acordo com suas realidades. Certamente toda essa interação é um recurso motivador para que outros idosos se envolvam também, assim, o envelhecimento poderá ser assumido com naturalidade no ciclo da vida.

A legislação brasileira criou o Estatuto do Idoso, Lei n°10.741/2003, resultado proveniente da Constituição Brasileira de 1988, que regimenta as políticas públicas para o idoso, regulamenta alguns direitos sociais para o idoso, entre eles, o passe livre nos meios de transporte, prioridades em caixas de banco e de supermercados, vagas reservadas para veículos.

O Brasil apresenta vários avanços principalmente com a constituição de 1988 (...),Criação da Política Nacional do Idoso consolidou diferentes conquistas como: Tanto a sociedade como a família e o Estado devem assegurar os direitos ao idoso quanto à vida, direito de bem-estar, defender a dignidade do idoso, garantia da participação na sociedade, direito da cidadania, direito ao alimento; à cultura; à educação; ao lazer e esporte; ao trabalho e a profissionalização; à assistência social e a previdência; ao transporte e habitação, entre outros [...] (BRASIL, 1993; BRASIL, 1994; BRASIL, 2003).

 

Esses direitos representam um avanço, contudo, existem muitos outros a serem conquistados, pois a população idosa no Brasil permanece em veloz crescimento, assim é preciso promover e implementar ações para esse grande grupo de brasileiros que muito fez para a nação. Vale ressaltar que o Estatuto do Idoso regimenta e organiza os princípios do idoso perante à sociedade, contudo, é necessário que se invista em várias frentes para cumprir o estabelecido, exigindo-se uma política ampla e articulada entre vários órgãos do governo para suprir a demanda que tanto aumenta, conforme, a máxima popular acadêmica: “a teoria não condiz com a prática”, ainda há muito a se fazer pelos idosos.

Outro ponto que merece salientar na vulnerabilidade social é o sedentarismo no envelhecimento por ser um fato passível de observação, inspira grande preocupação por parte do Estado principalmente no que se refere à esfera social, econômica e de saúde. O envelhecimento é uma ocorrência real, não pode ser evitado, porém o modo de se envelhecer pode ser mais saudável de acordo com o estilo de vida, cultura, lazer, contexto socioeconômico de cada pessoa.

A população idosa que desenvolve um viver em consonância com atividades práticas regulares terá uma expectativa de vida maior e melhor, além de mais saúde, aspecto relevante e muito frágil no envelhecimento de qualquer um, até mesmo daquelas pessoas que se encontram em estado vulnerável, poderão ter um diagnóstico mais saudável de sua condição de vida.

Chegar à velhice é um fato que todos iremos passar, porém pode se chegar a ela gozando de saúde, dependendo do estilo de vida que se leva, para isso será necessária a mudança de hábitos e adequação a outros mais condizente com a nova realidade.

 

 

 

 

 

1.3 Vulnerabilidade social: família e o cuidado da pessoa idosa

 

  No século XXI a vulnerabilidade no que diz respeito ao envelhecimento é uma questão real e bastante polêmica, embora a legislação brasileira assegure a pessoa idosa de seus direitos, a realidade de muitos idosos infelizmente se cristalizou.

Na cultura brasileira, espera-se que na velhice dos pais, os filhos em primeiro lugar e na ausência desses, os demais membros da família, assumam a responsabilidade pelos seus cuidados, suprindo suas necessidades básicas, no mínimo, conforme as condições e necessidades de ambas as partes. Embora seja competência do Estado em primeiro lugar através de políticas públicas melhores administradas, pois muitos recursos se fragilizam no desenvolvimento e aplicação nas áreas mais emergentes.

Para tanto, é necessária uma adaptação da família à nova faixa etária de acordo com as peculiaridades próprias da idade, na impossibilidade do cuidado por parte de familiares, esta responsabilidade pode ser delegada àquela pessoa que vai lidar com ele no dia a dia, contudo, é preciso que esta pessoa seja um profissional com conhecimentos específicos para atender as necessidades ou então se capacite para a função de cuidador da pessoa idosa.

             Na maioria das vezes os cuidados ao idoso fica a cargo de um membro da família, e quase sempre é uma mulher, se o idoso for muito dependente, exigindo diferentes modos de atenção, é desgastante para a pessoa. Pois há uma sobrecarga de trabalho e isto gera outros conflitos, a mesma pode ficar doente e venha precisar ser cuidada quase da mesma forma que o idoso, muitas vezes o vínculo afetivo fica abalado, e a partir daí é preciso trabalhar o resgate afetivo com a família, responsabilidade de um profissional para trabalhar o vínculo familiar.

Às vezes há resistência tanto da família quanto da própria pessoa idosa em transferir sua confiança a terceiros, infelizmente, fato muito próprio da cultura brasileira que vivenciou por anos um país de jovens sem projetar um futuro promissor e com qualidade de vida para a pessoa idosa.

Assim, faz-se necessário possibilitar ao idoso entendimento que ele precisa de ser cuidado, porém, permitir que ele o desenvolva sozinho suas funções, tudo que puder ou até onde conseguir realizar com êxito. Para que sua autoestima não se abale, estimulando-o sempre a prosseguir com todo apoio necessário sem fragilizá-lo, ganhando segurança, permitindo que ele reconheça que ao lado dele tem alguém confiável, assim, ele se sentirá amparado, protegido reconhecendo no cuidador a presença do convívio e do recinto familiar.

É fundamental refletir sobre o idoso na contemporaneidade, para tanto, faz-se necessário construir uma rede de apoio coletivo envolvendo a participação de profissionais de serviços públicos, tais como, enfermeiro, assistente social, psicólogo, técnico de enfermagem e outros profissionais, cuidadores formais e voluntários para dar suporte na orientação e auxílio à família.

As famílias que possuem idosos e têm meios para deles cuidarem, são as consideradas responsáveis por eles, ainda que, grande parte de idosos não sejam favorecidos por seus familiares nos quesitos afeto e cuidado, pois na maioria das vezes a pessoa da família encarregada de cuidar desse idoso é a mesma que tem de trabalhar para o sustento de sua própria casa e dos demais membros da família. Assim, é viável uma revisão nas políticas públicas direcionadas ao idoso, enquanto público alvo, tanto ao institucionalizado quanto aos demais que também, necessitam de apoio.

Desta forma, o referido suporte às famílias além de gerar economia com a saúde, pois, o idoso se sentindo abandonado poderá apresentar um diagnóstico de depressão e vários outros tipos de patologias. Assim, o idoso bem assistido no seio da família, isto é, para as famílias que possuam condições, terá a vida prolongada e com mais chance de alcançar uma velhice saudável e independente. Já para aqueles que o vínculo foi rompido ou que é sozinho e que esteja vivendo em situação de vulnerabilidades ou negligência familiar cabe ao Estado e a sociedade ampara-lo, dando suporte de cuidados para que este tenha uma vida digna em sua velhice

 

 

 


CAPÍTULO II

 

2.    Políticas sociais para a pessoa idosa

Por políticas sociais entende-se um conjunto de regras estabelecidas pelo poder público que visa o bem-estar da população nas diversas esferas sociais, em especial para este trabalho, a população idosa. A ação do poder público requer habilidade no trato das relações humanas, através de programas que proporcionam a garantia de direitos e condições dignas de vida a todo cidadão. Configura ainda um compromisso público que visa atender determinada demanda, em diversas áreas; expressa também, a transformação daquilo que é do âmbito privado em ações coletivas para o bem público.

                                               [...] As políticas públicas são um conjunto de medidas agilizadas e sistematizadas pelo governo para atuar com maior eficiência nos mecanismos de produção, distribuição e consumo de bens já instituídos ou constante renovação

                                               (NAGEL, 2001, p.99)

 

Logo, as políticas sociais para a pessoa idosa têm como objetivo normatizar os princípios indispensáveis à cidadania do idoso e fazer cumprir suas finalidades através de garantias e ações referentes à assistência social, saúde, nutrição, segurança e bem-estar, além disso retificar deficiência e falhas de políticas anteriores.

Os idosos no Brasil têm os seus direitos humanos reconhecidos no Brasil a partir da Constituição Federal de 1988 que sistematizou as garantias da cidadania entre tais, os princípios contidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Marco inicial do reconhecimento em relação aos direitos dos idosos, 10 de dezembro de 1948, com a promulgação da Declaração Universal dos Direitos Humanos pela Assembleia Geral das Nações Unidas.  Que define, em seu artigo 25, entre outros itens, os universais direitos dos idosos “todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos, que não haverá distinção de raça, sexo, cor, língua, religião, política, riqueza ou de qualquer outra natureza”,

Além do Brasil existe uma organização da América Latina e no Caribe que incentiva os países membros dela OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde e os organismos de cooperação internacional se concentram em melhorar as políticas públicas que afetam a saúde das pessoas idosas, equipando os sistemas de saúde e capacitando os recursos humanos para satisfazer suas necessidades especiais e melhorando as capacidades dos países de gerar a informação necessária a fim de apoiar e avaliar as medidas empreendidas nesse sentido. Através de um Plano de Ação em resposta aos acordos internacionais e regionais, e nele são definidas prioridades para o período 2009-2018.

Embora a Assistência Social brasileira foi regulamentada pela LOAS em 1993 e inclusa na Seguridade Social como política social pública, cabendo ao Estado a responsabilidade pela garantia desses direitos ao portador de deficiência ou ter idade mínima de 65 anos; possuidor de renda familiar per capta inferior a ¼ do salário mínimo; sem vínculo a nenhum regime de previdência Social e não receber benefício de espécie alguma, exceto o de assistência médica; não possuir meios de prover o próprio sustento e nem de ter a provisão por parte da família. Enfim, esse é um direito constitucional que se tornou o principal programa de prestação social realizado através da transferência de renda.

Somente em 2004 é que surge a Política Nacional de Assistência Social (PNAS) com o objetivo de efetivar a assistência social como direito do cidadão e de responsabilidade do Estado.  Além de organizar e estruturar os serviços, benefícios, programas e projetos socioassistenciais, conforme o nível de proteção: Proteção Social Básica e Proteção Social Especial de Média e de Alta Complexidade; surgindo, assim, as políticas públicas. E em 2006 é implementada a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa e instituído o Pacto pela Saúde, pela Portaria do Ministério da Saúde nº 399/06, que se constitui em um conjunto de reformas institucionais do Sistema Único de Saúde – SUS, compartilhado pela União, Estados e Municípios.

Foi com base nesse entendimento que articulou-se a integração entre todas as políticas públicas, programas e ações estratégicas que assegurem e complementem o exercício pleno e justo dos direitos de atendimento à pessoa idosa, para garantir-lhe um envelhecimento com qualidade de vida digno a que todo ser humano tem de direito.

 

 

 

 

 

 

2.1.1     Constituição Federal, Política Nacional do Idoso e os Direitos do Idoso

 

A Constituição Federal assegura o idoso, sujeito de direitos e impede qualquer forma de discriminação por idade, etnia, sexo, língua, religião, política, riqueza ou de qualquer outra natureza e atribui à família, à sociedade e ao Estado o dever de proteger o idoso, e assim, garantir sua participação na comunidade, defender sua dignidade e bem-estar e amparar seu direito à vida. Esses direitos são discriminados na política que reafirma a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade; assegura os direitos sociais à educação à saúde, ao trabalho, à moradia, ao lazer, à segurança à previdência social e à assistência aos desamparados; e preservar os direitos políticos Constitucionais dos idosos, até mesmo o voto facultativo a partir dos 70 anos.

Segundo Munhol

 

Pontua que a atenção ao idoso deve ser feita por intermédio de sua família, em detrimento da internação em instituições de longa permanência, assim, o atendimento integral institucional será prestado ao idoso sem vínculo familiar que não tenha condições de prover a própria subsistência no tocante a moradia, alimentação, saúde e convivência social. Nessa hipótese, serviços nas áreas social e da saúde são prestados a ela

MUNHOL: 2009, p.34-35

O Estatuto do Idoso regulamenta formalmente os direitos básicos de cidadania, no intuito de banir todo descaso e discriminação. Propõe atendimento preferencial, imediato, individualizado para o idoso em órgãos públicos e privados, preferência na formulação e na execução de políticas sociais públicas. Pois é grande o desamparo geral da sociedade, inclusive de algumas famílias no trato da velhice, sugere a realização de programas de capacitação de recursos humanos e a ampla divulgação de informações sobre aspecto do envelhecimento. Em se tratando da política essas ações se constituem na promoção de simpósios e seminários, palestras, encontros, estudos, levantamentos, pesquisas e publicações sobre a situação social do idoso que visam a capacitação de recursos humanos para o atendimento, e também, no relacionamento interpessoal na família.

Os principais direitos do idoso, conforme apresenta esse Estatuto, encontram-se no artigo 3º, o qual afirma:

É obrigação da família”, da comunidade, da sociedade e do poder público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.

ESTATUTO DO IDOSO 4ª EDIÇÃO. 2004

 

A Constituição Federal de 1988 alavancou avanços na assistência social no Brasil, dentre eles, destacam os seguintes pontos: o Ministério da Saúde pública a Portaria Federal de nº 810/89, que determina a normatização do funcionamento padronizado de instituições ou estabelecimentos de atendimento ao idoso. No ano seguinte, 1990, foi aprovado o Código de Defesa do Consumidor, beneficiando não só a população idosa. Em 1993, são promulgados o Estatuto do Ministério Público da União e a Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), reconhecida como política de seguridade social, responsável pela garantia de proteção social não contributiva a camada da população mais exposta a riscos e criação de instâncias de ajustes e compartilhamento de experiências nos três níveis governamentais sob a forma de conferências, repercutindo como melhor benefício já alcançado.

O Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome aprovou a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais organizados por níveis de complexidade do SUAS: Proteção Social Básica e Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade. Os Serviços de Proteção Social Básica abrangem: Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF); Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos; Serviço de Proteção Social Básica no domicílio para pessoas com deficiência e idosas. Contemplando famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, do precário ou nulo acesso aos serviços públicos, da fragilização de vínculos de pertencimento e sociabilidade e/ou qualquer outra situação de vulnerabilidade e risco social residentes nos territórios de abrangência dos CRAS, em especial: famílias beneficiárias de programas de transferência de renda e benefícios assistenciais; famílias que atendem os critérios de elegibilidade a tais programas ou benefícios, mas que ainda não foram contempladas; famílias em situação de vulnerabilidade em decorrência de dificuldades vivenciadas por algum de seus membros; Além de pessoas com deficiência e/ou pessoas idosas que vivenciam situações de vulnerabilidade e risco social.

Os serviços de Proteção Social Especial de Média Complexidade contempla: Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI); Serviço Especializado em Abordagem Social; Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de  Liberdade Assistida (LA), e de Prestação de Serviços à Comunidade (PSC); Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas Famílias; Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua. Contribuindo para o fortalecimento da família no desempenho de sua função protetiva; e também, processar a inclusão das famílias no sistema de proteção social e nos serviços públicos, conforme necessidades. Contribui, assim para restaurar e preservar a integridade e as condições de autonomia dos usuários; para romper com padrões violadores de direitos no interior da família; para a reparação de danos e da incidência de violação de direitos; e ainda, prevenir a reincidência de violações de direitos.

Já os Serviços de Proteção Social Especial de Alta Complexidade possuem outra abrangência, tais como: Serviço de Acolhimento Institucional, nas seguintes modalidades: abrigo institucional; Casa-Lar; Casa de Passagem; Residência Inclusiva; Serviço de Acolhimento em República; Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora; Serviço de Proteção em Situações de Calamidades Públicas e de Emergências. Acolhimento para idosos com 60 anos ou mais, de ambos os sexos, independentes e/ou com diversos graus de dependência. A natureza do acolhimento deverá ser provisória e, excepcionalmente, de longa permanência quando esgotadas todas as possibilidades de autossustento e convívio com os familiares. É previsto para idosos que não dispõem de condições para permanecer com a família, com vivência de situações de violência e negligência, em situação de rua e de abandono, com vínculos familiares fragilizados ou rompidos.

No ano seguinte, 1994, é sancionada a Política Nacional do Idoso, quase dez anos mais tarde em 2003, é promulgado o Estatuto do Idoso e em 2004, é sancionada a Política Nacional de Assistência Social (PNAS) e regulamentada em 2005, pelo Sistema Único de Assistência Social (SUAS), responsável pelo pacto federativo de operacionalização da política, e finalmente, 2006 Implementada a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa e instituído o Pacto pela Saúde, pela Portaria do Ministério da Saúde nº 399/06, que se constitui em um conjunto de reformas institucionais do Sistema Único de Saúde – SUS, compartilhado pela União, Estados e Municípios. Nesse pacto federativo em prol da saúde, um dos indicadores de monitoramento da saúde brasileira constitui-se no cadastro e inspeção de todas as ILPIs.

Com a Implementação da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa é atualizada a Política Nacional do Idoso, direcionada por cinco princípios: a família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida; o processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, devendo ser objetivo de conhecimento e informação para todos; o idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza; o idoso deve ser o principal agente e o destinatário das transformações a serem efetivadas através dessa política; e as diferenças econômicas, sociais, regionais e, particularmente, as contradições entre o meio rural e o urbano do Brasil deverão ser observadas pelos poderes públicos e pela sociedade em geral na aplicação dessa lei.

Segundo o Estatuto Nacional que diz:

Artigo 49: As entidades que desenvolvem programas de institucionalização de longa permanência adotarão os seguintes princípios:

I. Preservação dos vínculos familiares;

II. Atendimento personalizado e em pequenos grupos;

III. Manutenção do idoso na mesma instituição, salvo em caso de força maior;

IV. Participação do idoso nas atividades comunitárias, de caráter interno e externo;

V. Observância dos direitos e garantia dos idosos; [...].

Estatuto Nacional do Idoso (2004, p.19)

 

É salutar a importância do Estatuto do Idoso em especial os aspectos em referência, contudo, ao analisar as políticas de atendimento aos direitos do idoso, nota-se a presença de uma ideologia que parece depreciar a velhice, própria de seus elaboradores, quer sejam políticos, profissionais, representantes de grupos organizados de idosos que analisam o envelhecimento como uma fase de perdas físicas, intelectuais e sociais, sem uma análise crítica fundamentada em dados científicos recentes que o apontam, também, como uma fase de ganhos, dependendo, evidentemente, das circunstâncias de vida e do ambiente e vulnerabilidade ao qual o idoso foi exposto ao longo de seu desenvolvimento, maturidade e envelhecimento, enfim, de seu viver.

Por isso, é muito valiosa a Política Nacional do Idoso, pois, ela norteia ações que visam o desenvolvimento dos idosos, garantindo autonomia e independência no atendimento de suas necessidades básicas, autossuficiência, saúde, moradia e segurança, conforme garante a Lei nº 8.842/94. Essa política acompanhada de programas e ações ressalta ainda que a família, a sociedade e o Estado devam assegurar ao idoso todos os direitos de cidadania, como sujeito de fato que é. Garantindo, assim, a sua participação na comunidade, defendendo sua a dignidade, o bem-estar e o direito à vida.

Outro ponto de grande relevância é o novo olhar dado à saúde do idoso, no conjunto das políticas públicas, onde se sobressaem ações que visam a ampliação e qualificação da rede de atenção integral à saúde do idoso como a promoção do envelhecimento digno, ativo e saudável, visando à longevidade integral.  Estabelecido pela Constituição de 1988 e regulamentado pela Lei Orgânica da Assistência Social em 1993, o Benefício de Prestação Continuada – BPC constitui-se na garantia de renda básica no valor de um salário mínimo, e é destinado a pessoas com deficiência e a idosos a partir de 65 anos de idade. Com o Estatuto do Idoso, em 2004 em vigor, mais idosos passaram a receber o benefício, implementando desta forma, as políticas públicas universais, como as de saúde, e a instituição de políticas de caráter etário, como a garantia de renda, contribuem para uma percepção mais positiva da qualidade de vida na velhice, suprindo às necessidades básicas como alimentação, saúde e abrigo.

 

 

2.1.2. Instituições abrigo para os idosos

 

Abrigos, asilos e manicômios têm uma história antiga no Brasil, são decorrentes de um contexto histórico de “abrigo” de crianças e adolescentes, pessoas com deficiências e idosos em instituições para protegê-los ou afastá-los do convívio social e familiar, permaneceu assim por longo tempo, esses “abrigos”, popularmente conhecidos como orfanatos, internatos, educandários, asilos, entre outros.

A criação desses “abrigos” foi uma necessidade que surgiu no passado com o intuito de solucionar problemas gerados pelas doenças, pobreza e mendicância e afastá-los da sociedade civil organizada. Com o passar do tempo, esses espaços ganharam novos nomes como hospitais, manicômios e orfanatos, entre outros. As pessoas abrigadas eram aquelas consideradas de fato pobres, mendigos, loucos, deficientes físicos, doentes, velhos. No século XX a terminologia asilo passou a ser destinado somente para os locais que abrigavam idosos, caracterizados por melancolia, tristeza, abandono e decadência. 

Segundo afirma LAFIN:

O primeiro tipo de instituição conhecido foi o asilo, que se preocupava com a alimentação e a habitação no atendimento aos idosos. Seus fundadores, quase todos, pessoas carismáticas e com formação religiosa, tinham a filosofia do fazer para os idosos e não com os idosos. A comunidade fornecia os recursos motivada pelos seus líderes sem, no entanto, conviver com as pessoas que lá eram internadas.  Isso, para muitos, era considerado o “fim do poço” ou o fim ”fracassado” de uma vida repleta de sacrifícios. As famílias sempre eram consideradas ingratas e traidoras, ignorando um sistema público que não apoiava a família, muitas vezes, profundamente carente. Havia exceções, no entanto, de idosos abandonados por familiares ou de pessoas que, por não possuírem parentes, ficavam à mercê da própria sorte ou por terem perdido a autonomia e, sem familiares, necessitavam de cuidados especiais. Assim, e por não haver instituições que as assumisse, eram colocadas em asilos.

(LAFIN, 2004, p.11).

 

Através da Portaria 810/89, do Ministério da Saúde, foram consideradas instituições de longa permanência aquelas com denominações diversas, equipadas para atender idosos, sob regime de internato ou não, pagas ou não, por período de tempo indeterminado, que dispõem de equipes de funcionários capazes de atender a todas as necessidades que a vida requer.

Essas instituições são divididas em categorias: asilares e não asilares.

A não asilar está incluída as instituições que recebe os idosos durante o dia, são os chamados “Centro Dia”. Como o próprio nome diz é só para o dia, é para aqueles idosos que não tem com quem ficar em casa, pois a família precisa trabalhar para o sustento da casa. Durante o dia vai para a Centro Dia que nada mais é que uma creche para idoso, onde ele encontra com pessoas da mesma faixa etária, isso é importante pois mantém o vínculo social, e à noite está em casa com sua família, é para aqueles que são independentes. È a mais viável, pois para o idoso é importante o vínculo familiar. Há que se investir em mais órgão institucional como esses para atender a toda demanda.[2]

            A asilar regulamenta a vida de seus moradores por meio de normas específicas, caracteriza-se pelo pronto atendimento, em regime de internato, ao idoso sem vínculo familiar ou sem condições de prover a própria subsistência, satisfazendo as suas necessidades de moradia, alimentação, saúde e vida social. Quanto ao atendimento essas categorias se dividem:

a) dedica-se a idosos independentes para as atividades do dia-a-dia, até mesmo aqueles que necessitam utilizar algum equipamento de autoajuda: andador, bengala, cadeira de rodas, entre outros;

b) dedica-se a idosos dependentes e independentes que necessitam de ajuda e cuidados especializados, com acompanhamento e controle adequado de profissionais da área de saúde;

c) dedica-se a idosos dependentes que necessitam de assistência total.

Vale ressaltar que houve um avanço com Portaria 810/89, do Ministério da Saúde, pois no passado as pessoas de mais idades, consideradas velhas não tinham nenhum direito, eram tidos como inútil, improdutivo, quando não abandonados pela própria família.  Conforme diz a bíblica sagrada, no livro de   Levítico 19:32, “[...] e honrarás a face do ancião, e temerás o teu Deus. Eu sou o Senhor.” Logo, deve-se apreciar a experiência adquirida ao longo dos anos, honrar os idosos e tratá-los com total respeito que lhes cabe.

Envelhecer é fato, todos iremos passar, porém há que se trabalhar com o psicológico da pessoa desde criança, com educação no currículo escolar. O saber se alimentar adequadamente, praticar algum tipo de atividade física, o convívio social. São ingredientes que farão com que a pessoa venha a ter uma vida saudável e chegar a velhice sem muitas debilidades e sem grau de dependência. É o que afirmam MAZO; LOPES & BENEDETTI:

Do ponto de vista biológico, o envelhecer tem início desde o começo da vida, quando células, tecidos e órgãos vão se maturando e sofrendo modificações. No entanto, pouco se sabe sobre a origem e a dinâmica desse processo, havendo tentativas de explicá-lo por meio de diversas teorias

(MAZO; LOPES; BENEDETTI, 2004, p. 121).

 

 

A legislação brasileira, considerando a Constituição, e o próprio Estatuto do Idoso, prevê que a população idosa tenha o amparo da família, sociedade e do Estado, os quais devem garantir sua participação na comunidade, dignidade, bem-estar e direito à vida.

Há uma contraversão, a legislação exige que o atendimento ao idoso seja exercido pela própria família, embora não dê suporte necessário a esta em detrimento do asilar, exceto naqueles casos em que não a possuam ou careçam de condições de manutenção da própria sobrevivência, na maioria das vezes os familiares do idoso têm de trabalhar para o sustento da casa e dos demais familiares. No intuito de amenizar essa realidade, é preciso criar políticas públicas direcionadas a esse segmento. Pois tanto para o idoso é mais saudável ficar no convívio com seus familiares de que ser institucionalizado, e também, para o Estado é mais viável em termos de gastos.[3]



 Conforme afirma a secretaria de assistência do desenvolvimento social:

A família cada vez mais é apontada como suporte da rede social da pessoa idosa, sendo convidada a assumir seu papel de proteção social. A garantia de ofertas de programas e serviços para dar apoio e sustentabilidade às famílias tem lugar privilegiado nas discussões e formulações de políticas públicas sociais incluídas na PNAS.

SECRETARIA DE ASSISTÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL (Governo de São Paulo) Fundação Padre Anchieta, 2009, p.24

 

A mudança de rotina do dia-a-dia do idoso muda a partir do momento que é institucionalizado, tendo de cumprir regras. Submeter-se ao convívio com outros que até então não conhecia, e a ausência da presença de pessoas de seu convívio o deixa em depressão. Infelizmente, esta tende a aumentar, pois quase sempre as famílias deixam seus idosos em instituições e raras vezes   vão visitá-las, há casos que caem no esquecimento total. [4]



Desta forma, há que se investir em mais Instituições para suprir a demanda, capacitar profissionais para estarem aptos a trabalhar com idosos, já que não têm como dar suporte a família para fazê-lo. Levando em conta que a população brasileira está vivendo mais isto, logo, os entes federativos deveriam se mobilizar ao enfrentamento desta cruel realidade. Pois pra uma pessoa idosa, sair de sua própria casa para ser institucionalizada significa o rompimento definitivo dos laços afetivos, tendo a necessidade de conviver com pessoas desconhecidas até então, deixando para trás seu estilo de vida, seu cotidiano, rumo ao desconhecido.

É comum, observar nas instituições de abrigo, muitos idosos se entregam, não querem se alimentar, vivem o vazio da vida sem nenhuma perspectiva de retorno ao lar, do convívio com filhos, netos, amigos, pessoas que eram importantes em sua vida. Não querem se alimentar, consequentemente vem a fraqueza, e com ela as doenças, precisando ser hospitalizado e vive os seus últimos dias entre instituição e hospital até vir a óbito. [5]



Já aqueles que são mais dependentes aceitam melhor o fato de ser institucionalizados, talvez porque os familiares por falta de experiência de lidar com tal situação, ou por falta de tempo mesmo. Nas instituições os profissionais capacitados sabem lidar com diferentes situações, sabem cuidar é também sabem ouvi-los. É essa rotina que faz parte do cotidiano do profissional, muitas vezes, cria-se um vínculo, o idoso reconhece e sabe que todos os dias esses profissionais estarão ali para cuidarem deles; isso os fazem viverem mais e melhor a sua velhice.

Portanto, o envelhecimento é um processo natural, atinge todas as pessoas e que vem aumentando cada vez mais. Por conseguinte, expande também o número de pesquisadores e estudiosos no assunto, fato louvável, pois poderá melhorar a longevidade de muitos.

 

CAPÍTULO  III


 

3.Caracterização do local de pesquisa

 

A casa abrigo analisada é a Casa Lar do Idoso Benedito Franchini, instituição que acolhe idosos acima de 60 anos, residentes e domiciliados no município de Maringá de ambos os sexos independentes e ou com grau de vulnerabilidades I, II, e III. Atualmente conta com 18 usuários, sendo 9 na ala masculina e 9 na ala feminina, os idosos são encaminhados pela 14ª promotoria Pública de Justiça da Comarca de Maringá, CREAS Idoso, Entidades Governamentais e não Governamentais através de ofício solicitando a inclusão e relatório social anexo. Para o abrigamento faz-se necessário trazer histórico de possíveis doenças e identificação de medicação utilizada através de receituário médico. A Casa Lar faz um trabalho de contato com os familiares, para promover encontros periódicos, alguns passam os finais de semana com seus familiares, recebem visitas e fazem passeios. A instituição, ainda mantem a socialização para amenizar os quadros de carência e depressão, mas tem alguns que nunca receberam visitas, mesmos sendo contactados.

A maioria deles chegam na casa com a área cognitiva, funcional e motora afetados, são casos de Demência, Mal de Alzheimer, sequela de alcoolismo e Acidente Vascular Cerebral, Isquemia Cerebral, Câncer em faze terminal entre outros.

A unidade oferece um cardápio alimentar compatível com as necessidades dos idosos abrigados, sendo seis refeições diárias em horários fixos que inclui: café da manhã às 7 horas, frutas às 10 horas, almoço 11 horas, lanche da tarde às 14 horas, jantar às 18 horas e ceia às 20 horas. Com alimentos diferenciados a quem dele necessitar. E sempre com orientação de uma nutricionista pertencente a equipe da SASC responsável pela segurança alimentar de todas as unidades. (Regimento Interno, 2013).

A casa Lar Benedito Franchini é uma Instituição Govi, mantida pela prefeitura. Os profissionais lotados são todos concursados e trabalham no sistema 12/36, a Instituição conta com uma equipe de profissionais, sendo: 1 -Enfermeiro, 1 - Técnico de enfermagem, 6 - auxiliares de enfermagem, e 8 - cuidadores de idosos. Isso para os cuidados diretos com os idosos. Temos ainda a Coordenação, 1 - Assistente Social, 8 auxiliares de serviços gerais (Operadores Ocupacionais) que se dividem entre a lavanderia, limpeza, e cozinha. Temos também a disposição um veículo com motorista a disposição para atender as necessidades da casa para com os usuários.

 

 

3.1. Caracterização das Instituições e discussão dos dados

 

Para a realização desta pesquisa, parte integrante desse TCC Trabalho de conclusão de curso “Vulnerabilidade social e envelhecimento - Um estudo sobre os idosos da instituição Casa Lar do Idoso Benedito Franchini Maringá-PR”, foi solicitada autorização à chefia imediata a qual prontamente atendeu à solicitação, além de todo apoio necessário para este estudo.

A pesquisa foi realizada através de diversas visitas e relatos de experiências vivenciadas alguns pelos próprios idosos, outros pelos servidores públicos que ali prestam trabalho à comunidade, e também, pela documentação dos idosos apresentada no ato da chegada à Casa Lar. A baixo estão arrolados os dados de identificação do usuário, por ética e respeito a idoneidade da instituição e do usuário, foi omitido o nome, identificando-o apenas por “idoso 1” e assim sucessivamente.

 

3.2.      Dados de identificação do usuário

3.2.1 Idoso 1

Data de Nascimento: 05/11/1930

Composição Familiar e Vínculos: Irmão e Cunhada

Questões de Saúde: A usuária apresenta deficiência mental, auditiva e visual severa, deambulação dirigida, é cadeirante, faz uso de fraldas geriátricas. Frequenta a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Especiais).

Grau de Dependência-Grau III - Totalmente dependente.

Origem da solicitação: CREAS - (Centro de Referência Especial da Assistência Social).

Histórico: A usuária residia com seu irmão em dois pequenos cômodos. Na ocasião da visita a equipe encontrou a idosa em um cômodo muito sujo, havia insetos mortos, recipientes grandes com água suja, a mesma exalava mal odor, questionado a negligência aos cuidados para com a idosa, ele alegou que ia providenciar um local maior e adequado para morar com a irmã. Não estava mais frequentando a APAE, pois o mesmo negligenciava os cuidados com a higiene.  A negligência familiar, é um problema eminente, refere-se à falta de cuidados, o abandono, o uso de seu benefício para fins próprios, por ser uma pessoa totalmente dependente e necessitar de ajuda para com suas AVDs “Atividades diárias”. A usuária em questão se encontrava vulnerável correndo risco pessoal. Foi esse o critério para que fosse institucionalizada. A legislação brasileira criou o Estatuto do Idoso, Lei n°10.741/2003, resultado proveniente da Constituição Brasileira de 1988, que regimenta as políticas públicas para o idoso. A equipe verificou que o benefício que a mesma recebia, não estava sendo revertido em benefício dela. O Ministério Público tomou conhecimento do caso e o irmão e cunhada foram condenados por apropriação indevida de benefício. A idosa foi retirada do convivo familiar e institucionalizada, sendo institucionalizada na Casa Lar Benedito Franchini desde a data do dia 27/08/2007, e ainda permanece.

 

 

3.2.2  Idoso 2

Data de Nascimento: 01/11/1937

Composição Familiar e Vínculo: Apenas um filho e nora

Questões de Saúde: Faz uso de medicação controlada. A mesma tem limitações, não deambula, cadeirante, obesa, dependência funcional laboral, faz uso de marca-passo, também fralda geriátrica, necessita de auto ajuda para banho, troca de fralda, higienização em geral. Com área cognitiva comprometida, desorientada, complexa, (confusa).

Grau de Dependência: Grau III - dependência total.

Origem da solicitação: Demanda espontânea, Seu filho entrou em contato com a SASC “Secretaria de Assistência Social e Cidadania”, a qual solicitou vaga na Casa Lar para que abrigasse a mesma.

Histórico: morava na cidade de Bauru-SP, lá estava abrigada em uma instituição particular, e pagava o valor de R$ 1.600 reais. Valor esse pago com o dinheiro da própria idosa, pois a mesma é pensionista. Atualmente seu filho e nora estão desempregados e morando de favor em casa de parentes nesta cidade, a casa é pequena e não tem acessibilidade para cadeirante, fato esse que o levou a procurar abrigo para a mesma. Além do que há a questão da saúde dela que exige cuidados especiais. O parecer para que viesse morar na Casa Lar Benedito Franchini foi favorável, visto que seu filho e nora se encontram em situação de vulnerabilidade socioeconômica, não podendo arcar com despesas para dar a sua mãe suporte e uma qualidade de vida necessária. A vulnerabilidade aqui refere-se à incapacidade da família em cuidar da idosa, devido à família não ter o suporte financeiro, Como se encontrava desempregado não tinha meios para prover o bem-estar da mãe. Tendo que o Estado assegurar os direitos com as políticas públicas para com o idoso, direito à vida, direito de bem-estar, defender a dignidade do idoso, garantia da participação na sociedade, direito social.

Art. 3o É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. Permaneceu na Instituição até a data de 20/09/2013 - sendo transferida para uma outra ILP “Instituição de Longa Permanência”, pois a mesma havia perfil para asilamento.

 

 

 

 

 

 

 

3.2.3  Idoso 3

Data de Nascimento: 01/01/1943

Composição Familiar e Vínculo: Não consta

Questões de saúde: Faz uso de medicação controlada, usuário psiquiátrico, com doença mental, esquizofrenia, apresentando demência dificuldade de deambular em decorrência de varicose crônica e alergia generalizada crônica, fumante compulsivo, na falta deste o deixava agressivo.

Grau de Dependência - Grau – II - Dependência parcial.

Origem da Solicitação: Equipe do CREAS. Centro de Referência Especial de Assistência Social

Histórico: O idoso se encontrava morando na (RT) Residência Terapêutica Ingá desde 2008, mas já tinha passagem pelo Hospital Psiquiátrico de Maringá, frequentava o CAPS Canção. A equipe do CREAS - Centro de Referência Especial realizaram visita ao CAPS - Centro de Atenção Psicossocial Canção onde o mesmo se encontrava, profissionais do Caps informou que ele não gostava de ser contrariado e que chegava a ficar agressivo. No parecer consta que por se tratar de uma pessoa idosa em situação de vulnerabilidades e sem vínculo familiar o mesmo teria perfil para ser abrigado na Instituição Casa Lar Benedito Franchini. Deu entrada na Instituição Casa Lar Benedito Fanchini no dia 31/03/2009. Permaneceu até a data do dia 14/05 2013. Quando veio a óbito.

Nunca houve nenhuma procura por este usuário. Por tratar-se de um idoso sem vínculo familiar, dependendo das políticas públicas de que todos têm direito, ou a quem dela necessitar. Morou muito tempo em (RT) Residência Terapêutica. A vaga foi solicitada através do CREAS.  Art. 4o Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei.

 

 

 

 

3.2.4  Idoso 4

Data de Nascimento: 01/01/1944

Composição Familiar e Vínculo: Morador de rua-s/vinculo familiar

Questões de Saúde: totalmente dependente-faz uso de medicação controlada, com dificuldade de dicção, isquemia cerebelar e demência, área congnitiva comprometida, não deambula, acometido de doença de Alzheimer, faz tratamento neurológico, faz uso de fralda geriátrica, total dependência funcional.

Grau de Dependência:  Grau-III- dependência total.

Origem da solicitação: Encaminhado pela Assistente Social do Hospital Municipal que entrou em contato com o CREAS - Centro de Referência Especial de Assistência Social a mesma solicitou a vaga na Instituição Casa Lar.

Histórico: O idoso era oriundo da cidade de Tupanciretâ - RS, consta em documentos que era divorciado e que tinha dois filhos, foi realizado contato com a família mais sem sucesso. Era caminhoneiro e teria vindo para o Paraná a procura de trabalho mas sofreu acidente, passou também pelo abrigamento IMARES, isto em 2004. Consta em relatório, foi morador de rua. Deu entrada na Instituição Casa Lar Benedito Franchini no dia 07/11/2007. Permaneceu até a data do dia 26/06 2013. Quando veio a óbito. Até a data de hoje não houve nenhuma procura por parte de seus familiares. Sabe-se que possuía familiares, porém até a data do óbito ninguém veio procurar, foi morador de rua. Aqui cabe negligência familiar, pois foi feito contato com uma filha, mas a mesma deixou claro que não queria reencontrá-lo. Cabendo ao Estado entrar com as políticas públicas a que o idoso tem direito. Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade, assegurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade, como pessoa humana e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais, garantidos na Constituição e nas leis

 

 

 

 

3.2.5 Idoso 5

Data de Nascimento: 27/06/1955

Composição Familiar: Filha/Netas

Questões de Saúde: Sequelada por AVC - (Acesso Vascular Cerebral), em MSD (Membro Superior Direito) e MIE- (Membro Inferior Esquerdo), com amputação no dedo maior do pé esquerdo, consciente, orientada, faz uso de fraldas e cadeira de rodas. Necessita de ajuda para suas AVD’s- Atividades Diárias.

Grau de dependência: Grau I - semi-dependente

Origem da Solicitação: CREAS (Centro de Referência Especial de Assistência Social).

Histórico: A família já tinha acompanhamento pela equipe CREAS PAEFI (Programa de Assistência Social Especial a Famílias e Indivíduos). A idosa residia com a neta de apenas 14 anos, em visita a equipe a encontrou em situação precária de higiene e necessidades básicas e que também após amputar o dedo, necessitava de cuidados especiais como curativos, pois além da amputação havia várias feridas em outras regiões do corpo. Em Visita Domiciliar, constatou-se a condição de vulnerabilidades em que se encontrava e da necessidade de cuidados no pós operatório. Foi cedida a vaga para a mesma, mesmo não sendo idosa, em caráter provisório ou até que restabeleça a saúde, e tenha um lugar habitável para morar. A mesma deu entrada na Instituição na data do dia- 10/10/2013 e permanece até a data de hoje na Instituição. A idosa vivia em situação precária e sem meios de prover o próprio sustento já que estava sequelada por conta de (AVC) - Acesso Vascular Cerebral e amputação de membros. Sofrendo vulnerabilidade pessoal e social. Precisando assim que o Estado entrasse com as políticas públicas para que se fizesse o abrigamento. Art. 14. Se o idoso ou seus familiares não possuírem condições econômicas de prover o seu sustento, impõe-se ao Poder Público esse provimento, no âmbito da assistência social.

 

 

 

3.2.6 Idoso 6

Data de Nascimento: 27/11/1944

Composição Familiar e Vínculos: Irmã/Filho

Questões de Saúde: O Usuário faz uso de medicação controlada. Portador de Mal de Parkison, e transtorno mental, esquizofrênico, deambula com dificuldades, não tem dicção entendível, necessita de cuidados para a higienização.

Grau de Dependência: Grau II - Usuário semi-dependente

Origem da Solicitação: Niss II - Pinheiros

Histórico: O idoso vivia em dois cômodos nos fundos da casa de sua irmã, com seu filho que também tem transtorno mental. A família já era acompanhada pela equipe do PSF (Programa Saúde da Família) na UBS Pinheiros. (Unidade Básica de Saúde). Em uma das visitas da equipe constatou-se que os mesmos encontravam-se sem se alimentar e sem tomar banho, com cheiro de urina e fezes muito forte na cama que se estendia pela casa toda. Vivendo em situação de risco pois o mesmo não tendo condições físicas e nem mental para se auto cuidar questionada a irmã disse que não tinha como cuidar deles. Diante do exposto, foi solicitada a ajuda da SASC (Serviço de Assistência Social e Cidadania) e comunicado ao Conselho do idoso. Que tomou providência em tentar abrigá-lo. Deu entrada na Instituição na data do dia 21/10/2010 e permanece abrigado até a data de hoje. Foi constatado que esse idoso estava sofrendo negligência familiar e social, tem família porém alega que não tem condições de arcar com os cuidados, a equipe técnica do (CREAS) Centro de Referência Especial de Assistência Social constatou que era passível para abrigamento. Entrando com as políticas públicas da qual o idoso tem direito. Lei nº 10.741 de 01 de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade, assegurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade, como pessoa humana e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais, garantidos na Constituição e nas leis.

3.2.7 Idoso 7

Data de Nascimento: 07/06/1943

Composição Familiar e Vínculos:  Filhos/Netos

Questão de Saúde: A usuária faz uso de medicação controlada, sequelada de AVC, portadora de Alzheimer, pelionefrite, úlcera sacral, calcâneos e de decúbito; acamada semiconsciente, desorientada não comunicativa, apresentando crise compulsiva periodicamente.

Grau de Dependência - Grau III - Usuária totalmente dependente.

Origem da Solicitação: CREAS - Centro de Referência Especializada de Assistência Social.

Histórico: A usuária residia com a irmã na cidade de Timbó-SC até Abril de 2012, mas por problemas de saúde veio morar com um dos filhos em Maringá. Através de relato da equipe PSF (Programa Saúde da Família em Visita Domiciliar, constatou-se que a mesma encontrava-se em condições precárias de higiene com forte odor de urina, fazia as necessidades na fralda, porém raramente era trocada e a saúde já debilitada, constatou-se que esta estava em situação de extrema vulnerabilidade social, devido a situação de saúde totalmente dependente. Ela estava vivendo com um dos filhos mas o mesmo não tinha condição de cuidar da mãe, já que ela apresentava um grau de dependência total. O filho relata que anulou a sua vida para cuidar da mãe, mas que a mesma está dando muito trabalho, pediu para que os irmãos se reunissem para pagar um cuidador, mas que isto não aconteceu, por ela precisar de cuidados especiais a equipe do médico da família entrou em contato com o CREAS - Centro de Referência Especializada de Assistência Social. O CREAS por sua vez entrou em contato com a Instituição Casa Lar solicitando uma vaga para abrigamento, já que lá havia profissionais capacitados para tal procedimento. Deu entrada na Instituição na data do dia 06/08/2013 e permaneceu na Instituição até a data do dia 22/03/2014. Quando veio a óbito. A idosa em questão estava passando por vulnerabilidades pessoal e social, tinha filhos mas os mesmos questionavam não ter condições de arcar com os cuidados da mãe, O Estado entrou com as políticas públicas através da equipe técnica do CREAS solicitou abrigamento.  Art. 9o É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas sociais públicas que permitam um envelhecimento saudável e em condições de dignidade.

 

 

3.2.8 Idoso 8

Data de Nascimento:18/09/1930

Composição Familiar e Vínculos: Filha

Questões de Saúde: Usuário faz uso de medicação controlada, com diagnóstico de Alzheimer, artrose, artrite crônica, com deformidade de extremidades a nível de membros superiores e inferiores. Área cognitiva comprometida, acamada, faz uso de fralda geriátrica, confusa, problemas de audição.

Grau de dependência – Grau III - Totalmente Dependente

Origem da Solicitação: Demanda Espontânea

Histórico: A filha procurou abrigamento para a mãe alegando ser viúva e estar em tratamento de câncer de pulmão, está fazendo radioterapia e quimioterapia se encontra sem condição e sem forças, para cuidar de sua mãe e o resto da família moram em outros Estados. E sua mãe que já tem a saúde debilitada precisa de cuidados especiais, no apartamento pequeno em que mora, não tem acessibilidade para cadeirante. Diante de todo histórico de vida da idosa e sensibilizada com a doença da filha, a coordenação da Instituição e a Assistente Social, deram parecer favorável para que a idosa fosse institucionalizada. Deu entrada na Instituição Casa Lar na data do dia 19/10/2012

Permaneceu até a data do dia 25/07/2014, quando foi reinserida de volta para a família. A neta que estava morando no exterior, retornou ao país, construiu uma casa com acessibilidade para os cuidados da mãe acometida de câncer e a avó, totalmente dependente. Essa idosa precisou ser institucionalizada, para que sua mãe estivesse livre para fazer o tratamento e acompanhamento de saúde, mas essa idosa foi reinserida no vínculo familiar, mas só foi possível porque uma neta se responsabilizou pelos cuidados para com ela, caso raro e único. Cap 10º § 3o É dever de todos zelar pela dignidade do idoso, colocando-o a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor

 

 

3.2.9 Idoso 9

Data de Nascimento: 05/01/1952

Composição Familiar e Vínculo: Filha e ex-esposa sem vínculo

Questão de Saúde: Usuário com diagnóstico de anemia profunda e confusão mental, necessitando de ajuda para sua AVD’s (Atividades Diárias).com grau avançado de déficit de compreensão, alcoolista e tabagista.

Grau de Dependência: Grau II - Parcial dependência.

Origem da Solicitação: CREAS (Centro de Referência Especializada de Assistência Social).

Histórico: O CREAS - teve conhecimento a respeito do idoso por denúncias de vizinhos, que o mesmo se encontrava em situação de necessidade extrema, com falta de alimentos, sem higiene pessoal, convivendo com animais mortos. Dependia de vizinhos para um prato de comida, inclusive consta que por mais de uma vez foi encontrado desmaiado. Em conversa com vizinhos soube-se que ele foi casado e que tem uma filha mas a mesma nunca lhe procurou. A equipe do CREAS - constatou que seria humanamente impossível o idoso morar sozinho, entrou em contato com a coordenação da Instituição solicitando vaga, na qual foi imediatamente liberada uma vaga para este usuário, pois o mesmo estava correndo risco de morte. Deu entrada na Instituição Casa Lar Benedito Franchini na data do dia 02/08/2012. Permaneceu na Instituição até a data do dia: 31/01/2013, quando veio a óbito. O idoso em questão estava passando por necessidades básicas, foi denunciado por vizinhos, o mesmo convivia com animais e vivendo em lugar insalubre, Tendo que a equipe técnica do CREAS, intervir através das políticas públicas sociais. Art. 6o Todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade competente qualquer forma de violação a esta Lei que tenha testemunhado ou de que tenha conhecimento.

 

 

3.2.10 Idoso 10

Data de Nascimento: 15/o5/1944

Composição Familiar e Vínculos: Não Consta

Questões de Saúde: Usuário psiquiátrico, apresentando grau de demência moderada, com confusão mental e oscilação de humor, faz uso de medicação controlada, hipertenso, Apresenta dermatite atópica generalizada, deambula com dificuldades, necessitando de andador. Dependência parcial funcional nas suas AVD’s. Faz uso de fraldas geriátricas pois o mesmo não possui controle de esfíncteres.

Grau de Dependência- Grau II: Semi-dependente.

Origem da solicitação: CREAS (Centro de Referência Especial de Assistência Social).

Histórico: O Usuário é natural da cidade de Ibitinga-SP, é solteiro, tem histórico de irmãos nunca localizados, foi morador de rua. Consta em documentos que estudou até a quarta série do ensino fundamental, morou também em Apucarana-PR, tem histórico de dependência química, alcoolismo e tabagismo. O mesmo foi encaminhado pelo Albergue Santa Luzia de Marilac ao IMARES (Instituto Maringaense de Reintegração Social). Segundo relato por não haver profissionais preparados para cuidar do mesmo. O CREAS (Centro de Referência Especial de Assistência Social) solicitou a vaga para a Casa. O usuário foi institucionalizado na Casa Lar Benedito Franchini desde a data do dia 02/08/2010, e permanece até a data de hoje. Esse usuário não possui vínculo familiar, oriundo de outro Estado, morador de rua, com histórico de dependência química, dependendo então das políticas públicas, para reinseri-lo na sociedade, foi abrigado por solicitação do CREAS.

 

 

3.2.11 Idoso 11

Data de Nascimento:19/08/1954

Composição Familiar e Vínculos: Sobrinha/sobrinho

Questões de saúde: Usuário portador de transtorno mental, em tratamento em hospital psiquiátrico. Faz uso de medicação controlada agressivo, deambula com dificuldades, faz uso de fraudas, e é cadeirante.

Grau de dependência; Grau II - Usuário semidependente

Origem da solicitação: CREAS (Centro de Referência Especial da Assistência Social)

Histórico: A equipe do CREAS recebeu denúncia de vizinhos de que teria um idoso e que estava recebendo maus tratos por parte de familiares. De posse do endereço, a equipe entrou em contato com a UBS de abrangência e, realizou Visita Domiciliar, na casa do idoso para verificação de denúncias. A equipe foi recebida pela sobrinha do idoso, na qual expôs a situação. Disse que o seu tio já esteve internado em um período no Recanto da terceira idade em São Carlos do Ivaí, e que por ele ser esquizofrênico e agressivo estava difícil os cuidados. Na visita constatou-se que o idoso estava visivelmente emagrecido e que usava Uropen, para não ter trabalho de trocar fralda, ele trocou poucas palavras entendíveis com a equipe, pois tem problema de dicção. Em contato com vizinhos que não quis se identificar por medo de represália, a equipe foi informada que os mesmos costumam sair e ficar o dia inteiro fora e deixar o idoso amarrado e só com uma garrafa de água ao lado. A pedido do CREAS - foi disponibilizado uma vaga para abrigamento para o idoso. O mesmo foi Institucionalizado na data do dia 27/05/2013. Permaneceu até a data do dia 18/02/2014, sendo transferido para uma outra ILP - (Instituição de Longa Permanência). Esse idoso passava por risco pessoal e social, sofrendo negligência por parte de familiares, denunciado por vizinhos, na qual a equipe técnica do CREAS tomou conhecimento e foi mesmo constatado maus tratos, foi solicitada a vaga na instituição, para que o mesmo fosse abrigado.

 

3.2.12 Idoso 12

Data de Nascimento: 10/03/1939

Composição Familiar e Vínculo: Neta/marido da neta/ bisnetos

Questão de Saúde: Usuário com limitações faz uso de medicação controlada, apresentando sequelas de quatro AVC (Acidente Vascular Cerebral). Hemiplegia do lado direito, com atrofia de membro superior limitado para suas AVD’s (Atividades Diárias). Lado esquerdo com área cinestésica e funcional compatível com seu quadro, necessitando de auto ajuda. Faz uso de cadeira de rodas e fralda geriátrica. Sua dicção comprometida, oscilação de humor e dificuldade na socialização com os demais.

Grau de Dependência- Grau III - Totalmente dependente.

Origem da Solicitação:  Foi por demanda espontânea.

Histórico: O idoso se encontrava institucionalizado na cidade de Rosário do Ivaí, porém não se adaptou, segundo informou sua neta, chorava com frequência, e em uma de suas visitas implorou para que a neta o tirasse de lá, pois alegava negligência no tratamento. E também a situação financeira da neta não permitia que fosse vê-lo com frequência, optou então por trazê-lo. Mas ela e seu marido precisavam trabalhar e passavam o dia fora de casa e os bisnetos quem cuidavam do bisavô, mas que com isso estava prejudicando os estudos. Esse foi o motivo da procura pela instituição para abrigamento. Deu entrada na Instituição Casa Lar Benedito Franchini na data do dia 29/05/2012. Permaneceu na Instituição até a data do dia 09/01/2003, quando então foi transferido para uma outra ILP (Instituição de Longa Permanência). Esse idoso com vínculo familiar, porém alega não ter condições e tempo para os cuidados, estes estavam sendo transferidos para os bisnetos mas com isso atrapalhava os estudos dos mesmos. Por demanda espontânea foi solicitada a vaga. É um direito do idoso o acesso as políticas públicas.

 

 

3.2.13 Idoso 13

Data de Nascimento: 14/06/1954

Composição Familiar e Vínculos: Irmã

Questões de Saúde: A usuária é portadora de hidrocefalia, com histórico de esquizofrenia com sequela de neurocisticercose, possuindo ainda artrite e artrose, faz uso de medicação controlada, agressiva, não deambula, não tem dicção, só por mímica e muito raramente, faz uso de fraldas geriátrica.

Grau de Dependência- Grau III - Totalmente Dependente.

Origem da Solicitação: A solicitação partiu do Hospital onde a usuária se encontrava internada para tratamento.

Histórico: A irmã relata que morava em uma república e trabalhava, sofreu uma queda enquanto estava sozinha, ficando sequelada e ficou impossibilitada de morar sozinha. Mas o vínculo entre as duas nunca foi bom ela alegou que não poderia cuidar da irmã, A Assistente Social do Hospital procurou a SASC (Secretaria de Assistência Social e Cidadania). A mesma entrou em contato com a Instituição Casa Lar solicitando vaga para que abrigasse a usuária. Deu entrada na Instituição na data do dia 06/03/2013. Durante o tempo que permaneceu na Instituição, apresentava comportamento agitado, com gritos constantes (dia e noite), até prejudicava a saúde dos demais que ficaram esgotados e não conseguiam dormir devido aos gritos. Após várias consultas com especialistas, várias internações, muitas idas e vindas a hospitais, veio a óbito na data do dia 09/09/2013. Essa idosa foi institucionalizada a pedido da irmã que solicitou a vaga diretamente à (SASC) Secretaria de Assistência Social e Cidadania, alegando não ter condições de prover o bem estar da irmã que está sequelada por conta de um AVC, sendo encaminhada a instituição para o abrigamento.

 

 

3.2.14 Idoso 14

Data de nascimento: 25/04/1944

Composição Familiar e Vínculos: Filhos /Noras

Questões de Saúde: Usuária faz uso de medicação controlada, com diagnóstico de Alzheimer, não deambula, necessita de autoajuda em suas AVD’s (Atividades Diárias), faz uso de fralda geriátrica e total auxilio para seu auto cuidado.

Grau de Dependência-Grau III: Usuária Dependente

Origem da Solicitação: Demanda Espontânea

Histórico: A usuária em questão vivia com um filho caçula, este sofreu acidente e ficou paraplégico.  Por estar com o quadro de Mal de Alzheimer avançado e não deambula, o filho não tem condição de cuidá-la, possui outros filhos mas como precisam trabalhar e a idosa necessita de cuidados especiais, procurou a Instituição e conseguiu abrigamento. Deu entrada na Instituição na data do dia 16/08/2012 e permanece abrigada até a data de hoje. Essa idosa em questão é muito dependente, os filhos solicitaram a vaga alegando não ter condições de prover os cuidados necessários. Tendo que ser institucionaliza através das políticas públicas sociais.

 

 

3.2.15 Idoso 15

Data de Nascimento: 01/01/1930

Composição Familiar e Vínculos: Filha/Genro

Questões de Saúde: Usuária faz uso de medicação controlada, portadora de Alzheimer em fase adiantada, não deambula, cadeirante, desorientada, confusa, aspecto físico e motor comprometido.

Grau de Dependência- Grau III - Totalmente dependente

Origem da Solicitação: Demanda Espontânea

Histórico: Em entrevista com a coordenação da Casa Lar a filha da mesma relata que o motivo de procurar abrigamento para a mãe é pela dificuldade devido ao quadro da doença de Alzheimer ter avançado. Nos últimos dois anos sua mãe anda tendo surtos frequentes onde grita muito, fala sozinha, chama pelos parentes já falecidos e esses surtos duram dias, por morar em apartamento os vizinhos têm reclamado, além do que não há acessibilidade para cadeirante. Por se tratar de idosa que necessita de cuidados especiais tinha perfil para abrigamento na Instituição Casa Lar Benedito Franchini. Deu entrada na Instituição na data do dia 20/08/2012 e permaneceu na Instituição até a data do dia 17/07/2013, quando foi transferida para uma outra ILP (Instituição de Longa Permanência). Essa idosa possui vínculo familiar, porém alega não ter condições de cuidar, pois precisa trabalhar e não tinha quem cuidasse da mesma, que se encontra com o quadro avançado de Mal de Alzheimer com surtos frequentes e que necessita de cuidados especiais em suas (AVDs) Atividades Diárias.

 

 

3.2.16 Idoso 16

Data de Nascimento: 15/11/1932

Composição Familiar e Vínculos: Irmão/Cunhada

Questões de Saúde: Usuária Psiquiátrica, faz uso de medicação controlada. Deambula com dificuldades, demência moderada, apresenta fala desconexa, sequela de fratura de joelho esquerdo, acarretando comprometimento para deambular.

Grau de Dependência - Grau III - Usuária Dependente para suas AVD’s- (Atividades Diárias)

Origem da Solicitação: CREAS (Centro de Referência Especial de Assistência Social).

Histórico: Através de uma denúncia anônima, identificou-se que havia uma idosa morando com irmão e cunhada, mas os mesmos não cuidavam dela, que vivia suja com cheiro de urina e fezes, e às vezes a mantinham trancada em seus aposentos. Acionada a equipe do CREAS foi a campo em visita domiciliar, Na UBS (Unidade Básica de Saúde), a equipe do PSF-Programa Saúde da Família os colocaram a par da situação, que o irmão da idosa é uma pessoa difícil, não leva a idosa para a consulta, e quando chega alguém da Saúde não deixa ter acesso a idosa, negligenciando os cuidados a que ela tem direito as poucas vezes que a viram, encontraram a idosa em condições péssimas de higiene no quintal, questionado, o irmão disse que a irmã é difícil mas que está bem.

A equipe informou ao irmão as responsabilidades de familiares para com os idosos, bem como a administração adequada do recurso, e que iria informar ao Ministério Público sobre tal situação. Tal procedimento foi comunicado a Polícia e solicitado uma ambulância para a retirada da idosa do convívio com o irmão. A gerente da Proteção Social Especial, acompanhou todo o procedimento, que foi caracterizado como negligência. A usuária está desde a data do dia 10/12/2009 e permanece até a data de hoje na Instituição Casa Lar. Essa idosa foi institucionalizada via promotoria, por denúncia de maus tratos, negligência familiar, e apropriação indevida de bens compreende-se a vulnerabilidade na vida do ser humano na velhice a partir aos dos efeitos causados pela exposição a riscos de diversos aspectos, sejam eles econômicos, culturais ou sociais. Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de violência praticada contra idosos serão objeto de notificação compulsória.

 

 

 

 

 

 

 

3.2.17 Idoso 17

Data de nascimento: 27/03/1946

Composição Familiar e Vínculos: Irmãs em outros Estados.

Questões de saúde: Usuário independente em suas AVD’s, (atividades diárias). O faz sozinho, não apresenta saúde que requeira cuidados, falante, observado leve dificuldade no funcional cognitivo, muito falante.

Grau de Dependência: Grau I - Totalmente independente

Origem da Solicitação: CREAS - (Centro de Referência Especial de Assistência Social.

Histórico: Consta em relatos que ele morou por 23 anos em uma chácara em beira de estrada. Quando o dono da chácara a vendeu, ele se recusou a sair. Estava acostumado a trabalhar de roça, capinar datas e plantar alguma coisa para subsistência em volta da casa. Morava em um casebre destelhado e sem banheiro, sem água tratada e sem luz, retirava água de um poço com recipiente de herbicida, refere que ele sai bastante e que empresta o casebre para usuários consumir drogas sic. (SIC). A Equipe de Saúde da Família Rural disse que os vizinhos é que davam comida para ele, e que ele vive em condições precárias de higiene. O novo dono da chácara pediu para que o mesmo saísse, mas não obteve sucesso então entrou em contato com a SASC, o mesmo acionou o CREAS para desfecho do caso, pois o mesmo relutava em sair do local. A equipe do CREAS entrou em contato com as irmãs em outros Estados, mas nenhuma se prontificou a ajudar o irmão, ficando então a responsabilidade para a equipe do CREAS Centro de Referência Especial de Assistência Social) local adequado para acolher o idoso. O mesmo foi abrigado na Instituição Casa Lar, em caráter provisório, na espera de uma vaga na Instituição Aliança de Misericórdia. Porém desde a data do dia 16/07/2010, ele deu entrada para abrigamento, e esse provisório se estende até a data de hoje. Esse é o único idoso totalmente dependente, sua maior alegria é acordar bem cedo e varrer toda a frente da instituição, sem vínculo familiar presente, tem uma irmã que mora em outro estado muito raramente fala com ele pelo telefone. Por ser idoso e não ter ninguém por ele, foi institucionalizado via CREAS. É feliz do jeito dele.

 

 

3.2.18 Idoso 18

Data de Nascimento: 06/08/1940

Composição Familiar e Vínculo: Filha/genro/netos

Questão de saúde: Usuária com diagnóstico de Alzheimer, faz uso de medicação controlada, acamada, perca da visão parcial, total dependência nas AVD’s (Atividades Diárias), comprometimento psicomotor e congnitivo, faz uso de fralda geriátrica.

Grau de Dependência- Grau III: totalmente dependente.

Origem da Solicitação: Demanda Espontânea

Histórico: A usuária morava sozinha em uma casa de fundos cedida por uma amiga, porém devido a problemas de saúde, passou a precisar de cuidados, indo morar com a filha. Porém a vida mudou, o neto teve que ceder o quarto para a avó e passou a dormir na sala, e precisou deixar o curso profissionalizante que fazia para ter o tempo disponível para cuidá-la, pois a mesma já se encontrava em estágio de dependência avançado.

A filha então entrou em contato com a Instituição Casa Lar Benedito Franchini. Na qual a coordenadora da Instituição depois de uma Visita Domiciliar, constatou que se tratava de uma idosa em situação de risco e que necessitava de cuidados especiais deu o parecer favorável para que a mesma fosse institucionalizada. Deu entrada na instituição Casa Lar Benedito Franchini na data do dia 21/06/2012. Permaneceu na Instituição até a data do dia 20/02/2013. Quando veio a óbito.  Essa idosa é totalmente dependente em suas (AVDs) Atividades Diárias, a família alega não ter como prover o bem estar da mesma. Tendo que privar os filhos do conforto do quarto para ceder ao idoso, afetando também os estudos, pois para ela trabalhar os filhos tem que tomar conta da avó. Esse foi o motivo para que a idosa fosse institucionalizada. Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de violência praticada contra idosos serão objeto de notificação compulsória.

 

 

3.3.  Análise de dados

 

Através de um estudo documental a partir dos relatórios sociais dos idosos que se encontram abrigados na instituição e sobre as causas para o abrigamento são: questões familiares, vulnerabilidades econômica e social; abandono; negligência familiar; e entrevista com a assistente social da Casa Lar Benedito Frannchini, mediante questionário dirigida a mesma sobre os abrigados, seu grau de dependência, suas patologias, e critérios para abrigamento.

Foi selecionado uma amostra de 18 relatórios dos idosos institucionalizados e analisados. Quase todos estão lá pelos mesmos motivos vulnerabilidades e negligência familiar e social, a maioria com grau de dependência III, dos 18, apenas um não faz uso de medicação controlada, as patologias são diferenciadas porém, prevalece o Mal de Alzheimer e Esquizofrenia, depois vem Hipertensão, Diabetes entre outras.

Cabe ressaltar que a maioria do universo estudado são institucionalizados porque a família tem que trabalhar e não sabe o que fazer com o idoso. Verifica-se que os idosos: 2, 8, 9, 12, 14, 15 e 18 foram institucionalizados por demanda espontânea a pedido da família devido à falta de estrutura e não havendo possibilidade de permanecer em casa. Em alguns casos os motivos são diversos, tais como: o responsável pelos cuidados do idoso se encontrar debilitado às vezes pela própria dedicação ao idoso, fato que confirma a vulnerabilidade de outros sujeitos, devido à família não ter o suporte financeiro necessário.

Outros dependem do Estado para assegurar os direitos com as políticas públicas para com o idoso, direito à vida, direito de bem-estar, defender a dignidade do idoso e garantia de ser assistido. Após a solicitação da vaga, a Assistente Social vai a campo acompanhada da coordenadora da referida instituição para diagnosticar se a necessidade é real e a partir de relatório social analisado, confirmar se o idoso tem perfil para abrigamento.

Existem ainda aqueles que foram institucionalizados através do (CREAS) Centro de Referência Especial de Assistência Social, são os idosos: 1, 3, 5, 7, 10, 11, 16 e 17.  Há também dois casos de idosos 4 e 13 que foram institucionalizados a pedido da Assistente Social do Hospital, além do idoso 6 institucionalizado via UBS (Unidade Básica de Saúde). Percebe-se que nos dias atuais ainda nos deparamos com situações de cárcere privado, como é o caso do idoso 16 que somente foi possível ser institucionalizado por denúncia de vizinhos que presenciou maus tratos e negligência familiar.

[..] O envelhecimento é um fenômeno que inspira grande preocupação dos governos principalmente no que se refere à esfera social, econômica e de saúde. Este não pode ser evitado, mas a maneira de se envelhecer pode ser mudada dependendo do estilo de vida, cultura, lazer, contexto socioeconômico de cada indivíduo. A população brasileira segue a tendência mundial, sendo esse fenômeno o resultado da equação formada pela combinação do aumento da expectativa de vida média com a queda da fecundidade [...]

(CARVALHO; GARCIA 2003, p.125)

 

Os dados analisados mostram que as famílias não estão conseguindo dar o suporte necessário para os idosos, pois os mesmos têm que laborar para sua subsistência e não têm com quem deixá-los durante o dia, o ideal seria que o Estado investisse mais em alternativas, considerando esse público-alvo. A solução seria construir Centros-Dias para que esses idosos pudessem estar frequentando durante o dia e à noite voltassem para casa, mantendo assim o vínculo familiar. E também mais ILP - Instituição de Longa Permanência para aqueles que não têm família e não têm nenhuma referência familiar.

A família deve ser conscientizada de seu papel em relação à tutela jurídica e amparo, contudo o Estado somente não tem como subsidiar mesmo que haja as políticas públicas sociais, oportunizando uma velhice digna, conforme assegura o Artigo 230 da Constituição Federal:

 

A família, a sociedade e o Estado tem o dever de amparar pessoas idosas. Assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem estar, garantindo-lhe o direito à vida”. A Lei nº 8.842, que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso e cria o Conselho Nacional do Idoso em seu capítulo IV, define que é dever de todo cidadão denunciar maus tratos ou negligência a essas pessoas. O artigo 10 inciso IV esclarece que é papel da justiça “promover e defender os direitos da pessoa idosa, zelar pela aplicação de normas sobre o idoso, determinar ações para evitar abusos e lesões a seus direitos”

 

Desta forma, observa-se que a história se repete, cabe a família prover os cuidados para com seus idosos e na falta deles o Estado com suas políticas públicas sociais. Quando toda a atenção ao idoso deve ser mantida por intermédio de sua própria família, mesmo com a utilização da internação em instituições de longa permanência, todavia, o atendimento integral institucional será prestado ao idoso sem vínculo familiar que não tenha condições de prover a própria subsistência em relação à moradia, alimentação, saúde e convivência social.

 

Considerações finais

 

Realizar este Trabalho de Conclusão de Curso “Idosos em situação de abrigamento e relações familiares: uma leitura a partir das histórias de idosos da Casa Lar Benedito Franchini” foi muito gratificante para minha vida pessoal e profissional na Instituição Casa Lar Benedito Franchini na cidade de Maringá, instituição que abriga idosos que estão em vivendo em situação de vulnerabilidade e negligência social e que tiveram seu vínculo familiar rompido. Foi uma oportunidade de ampliar os conhecimentos teóricos e práticos a respeito da intervenção do Estado através de Políticas Públicas na Assistência Social.

É fato que a população idosa está em veloz crescimento, desta forma, é necessário contar com a Política Nacional do Idoso que reconhece o idoso como sujeito portador de direitos, norteia e define princípios e diretrizes que assegurem os direitos sociais e as condições para que a autonomia da pessoa idosa mesmo com características diversificadas seja de total integração e participação nos grupos societários entre o poder público e a sociedade civil constituída.

A partir do surgimento do fenômeno do envelhecimento, o Estado tem se preparado para o enfrentamento, isso ocorre a partir do reconhecimento do idoso como sujeito de direito, e criando políticas públicas sociais possibilitando espaços institucionais que atendam a esta demanda, como os Centros Dias e as ILPs (Instituições de Longa Permanência), porém ainda é insuficiente.

Dos Institucionalizados na Casa Lar Benedito Franchini a maioria são totalmente dependente, cabendo aos profissionais e colaboradores dar o suporte para que os mesmos tenham uma vida digna com os cuidados necessários a que todos têm direito possibilitando amparo em sua velhice, isso foi o que motivou o estudo para que este trabalho sobre a instituição fosse desenvolvido.

 

REFERÊNCIAS

 

 

1.            ARRIAGADA, Irma (ed.). Famílias latino-americanas. Diagnóstico y políticas públicas en los inicios del milenio, In: Revista de la CEPAL Nº 57 - Serie Políticas Sociales, División de Desarrollo Social, diciembre 2001, Santiago de Chile, pp. 17-30. 2001

 

2.            BELTRÃO, K. I.; CAMARANO, A. A.; KANSO, S. Dinâmica populacional brasileira na do século XX. Rio de Janeiro: Ipea, 2004 (Texto para Discussão, nº. 1.034). BENEDETTI TRB, GONÇALVES LHT, MOTA JAPS. Uma proposta de política pública de atividade física para idosos. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, Jul-Set; 16(3): 387-98. 2007.

 

3.            BORN, T.; BOECHAT, N. S. A qualidade dos cuidados ao idoso institucionalizado. In: FREITAS, E. V. et al. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Cap. 9, p. 989-994. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.

 

4.            BRAGA, Pérola Melissa V. Direitos do idoso. São Paulo: Quartier Latin, 2005.288 p. BRASIL. Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. V Caravana Nacional de Direitos Humanos: uma amostra da realidade dos abrigos e asilos de Idosos no Brasil. Brasília: Câmara dos Deputados, 119 p. 2002.

 

5.            BRASIL, Portaria nº 1395, de 10 de dezembro de 1999. Dispõe sobre a aprovação da Política Nacional do Idoso. Ministério da Saúde, DF, 10 dez. 1999.

 

6.            BRASIL. Constituição. Constituição da República Federativa do Brasil: texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações adotadas pelas Emendas Constitucionais nos 1/1992 a 64/2010, pelo Decreto Legislativo no 186/2008 e pelas Emendas Constitucionais de Revisão nos 1 a 6/1994. – 32. ed. – Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2010.

 

7.            BRASIL. Estatuto do idoso: Lei nº 10.741, de 1° de outubro de 2003, dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2010.

 

8.            Brasil. Lei n. 8.842, de 4 de janeiro de 1994. Dispõe sobre a Política Nacional do Idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências [legislação na Internet]. Brasília; 1994. [citado 2005 jul. 17]. Disponível em: http://www.cfess.org.br/ pdf/legislacao_idoso_8842.pdf. v

 

 

9.            Brasil. Lei No 10.741, de 01 de outubro de 2003. Estatuto do Idoso [acesso em 2011 Março 14]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/2003/L10.741.htm [acesso em 19 de março de 2011].

 

10.         Brasil. Lei No 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Lei Orgânica de Assistência Social [acesso em 19 de março de 2011]. Disponível em: http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/42/1993/8742.htm[acesso em 19 de março de 2011].

 

11.         BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Cadernos de Atenção Básica: envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Brasília, DF, 2006.

 

12.         BRASIL. Portaria MS-810/89 – Normas para o funcionamento de casas de repouso, clínicas geriátricas e outras instituições destinadas ao atendimento do idoso. Disponível em www.senado.gov.br. Acesso em 20 de novembro de 2010.

 

13.         BRASIL. Portaria SAS-073, de 10 de maio de 2001. Estabelece normas de funcionamento de serviços de atenção ao idoso no Brasil. Disponível em www.direitodoidoso.com.br Acesso em de novembro de 2010.

 

14.         BRASIL. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 283, de 26 de setembro de 2005 Regulamento técnico para o funcionamento das Instituições de Longa Permanência para Idosos. Disponível em www.anvisa.gov.br Acesso em 20 de novembro de 2010.

 

15.         CAMARANO A. A, PASINATO MT. O Envelhecimento Populacional na Agenda das Políticas Públicas. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Rio de Janeiro: IPEA, 2004.

 

16.         CAMARANO, A. A. Instituições de longa permanência e outras modalidades de arranjos domiciliares para idosos. In: NERI, A. L. (Org.). Idosos no Brasil: vivências, desafios e expectativas na terceira idade. São Paulo: Fundação Perseu Abramo: SESC São Paulo, 2007.

 

17.         CAMARGO, W.C.G; LEÃO, M.A.B.G. O papel do cuidador na estimulação da autonomia e independência do idoso institucionalizado. In: Anais do 13o Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia; 2002 jun. 19-22; Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: SBGG-Seção RJ, p. 352, 2002

 

18.         CARVALHO JAM; GARCIA RA. O envelhecimento da população brasileira: um enfoque demográfico. Rio de Janeiro: Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19(3): 725-733, mai-jun, 2003.

 

19.         DIOGO, M. J. D. Modalidade da assistência ao idoso e à família: impacto sobre a qualidade de vida. In: FREITAS, E. V. et al. (orgs.) Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara, p. 1065-68. 2002

 

20.         NANÔ Fabiana, UOL em São Paulo, 21/09/2012, acesso 26/04/2014, 20h38.

 

21.         IBGE. Pesquisa nacional de amostra a domicílio 2005. Disponível em http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2006/default.shtm. (Acesso em 19 de março de 2011).

 

22.         IBGE. Síntese de indicadores sociais: Uma análise das condições de vida da população brasileira. 2010. Site ttp://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2010/SIS_2010.pdf (acesso em 15 de março de 2011).

 

23.         LAFIN, S. M. F. Asilos: algumas reflexões. In: CORTELLETTI, I. A.; CASARA, M. B.; HERÉDIA, U. B. M. (Org.). Idoso Asilado: um estudo gerontológico. Porto Alegre: Educrs / Edipucrs, 2004.

 

24.         LOUZÃ NETO, M. R. et al. O idoso, as instituições totais e a institucionalização. Rev. Paul. de Hospitais, julho/agosto/setembro; 34 (7/8/9):135-43. 1986

 

25.         MACHADO, Nilson Jose. Ensaios transversais: cidadania e educação .2. Ed. São Paulo, Escrituras, 1997 in Revista Serviço Social & Sociedade n°75, p.80, 2003

 

26.         MAZO, G.Z., LOPES, M.A. e BENEDETTI, T.B. Atividade física e o idoso: concepção gerontológica. 2. ed. Porto Alegre: Sulina, 2004.

 

27.         MONTENEGRO, S. M. R; SILVA, C. A. R. Os efeitos de um programa de fisioterapia como promotor de saúde na capacidade funcional de mulheres idosas institucionalizadas. Fortaleza. Dissertação de mestrado. Fortaleza: Fundação Edson Queiroz, 2007.

 

28.         NAGEL, Luzia H. O Estado Brasileiro e as políticas Educacionais dos anos 80, Estado e Políticas Sociais no Brasil, Edunioeste 2001.

 

29.         NÈRI, AL. “As políticas de atendimento aos direitos da pessoa idosa expressa no Estatuto do Idoso”. A Terceira Idade, v.16, n.34, p.7-24, 2005.

 

30.         NETO JP, CARVALHO MCB. Cotidiano: conhecimento e crítica. 4a ed. São Paulo (SP): Cortez; 1996

 

31.         OKUMA, S. S. Impacto da Atividade Física Sobre a Dimensão Psicológica dos Idosos: Uma Análise da Velhice Bem-Sucedida. 7º Congresso de Educação Física e Ciências do Esporte dos Países de Língua Portuguesa. Florianópolis. 1999.

 

32.         PAVARINI, SCI. Dependência comportamental na velhice: uma análise do cuidado prestado ao idoso institucionalizado [Tese]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 1996. 

 

33.         ROSENFELD, S. Prevalence, associated factors, and misuse of medication in the elderly: a review. Cad Saúde Pública  Mai-June; 19(3):717-24. 2003

 

34.         SANTOS, A. C. P. O et al. A construção da violência contra idosos. Rev. Bras. Gerontol. v. 10, n.°1. 2007

 

35.         SANTOS, M. L. C.; ANDRADE, M. C. Incidência de quedas relacionada aos fatores de riscos em idosos institucionalizados. Revista Baiana de Saúde Pública, Bahia, v. 29, n.1, p. 57- 58, 2005.

 

36.         SOCIEDADE BRASILEIRA DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA REGIONAL SÃOPAULO. Disponível em: < http://www.sbgg-sp.com.br/ >. Acesso 21 out 2010.  SOUZA JLC. Asilo para Idosos: O Lugar da Face Rejeitada. Belém, v. 4, n. 1, p. 87103, 2003.

 

37.         SOUSA, AMV, Tutela Jurídica do idoso a assistência e convivência familiar, Alínea; Campinas: p. 245 2004.

 

38.         VAGETTI, G. C.; WEINHEIMER, M. S. e OLIVEIRA, V. Atendimento integral à saúde do idoso residente em Instituição de Longa Permanência: uma experiência interdisciplinar. Estudo Interdisciplinar Envelhecimento, v. 11, p. 53-62.2007

 

39.         VERAS, Renato. Fórum envelhecimento populacional e as informações de saúde do PNAD: demandas e desafios contemporâneos. Introdução. Cad. Saúde Pública, n.° 23, v. 10, out. p. 2463-6. 2007

 

40.         VERAS, Renato. Revista Serviço Social & Sociedade. A longevidade da população Desafios e Conquistas nº 75, Ed Cortez, São Paulo, out.2003.

 

41.         VIEIRA, E. B. Qualidade de vida na instituição. In: Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia - seção São Paulo. Consensos de Gerontologia. 1º Congresso Paulista de Geriatria e Gerontologia; junho 24-27; São Paulo: SBGG; p. 62-5. 1998.

 

ANEXO

 

Entrevista com a Assistente Social da Instituição Casa Lar do Idoso Benedito Franchini de Maringá-PR

1-           Quanto tempo tem de profissão de Assistente Social?

            13 anos

 

2-           Há quanto tempo trabalha na Casa Lar do idoso Benedito Franchini?

            2 anos e 8 meses

 

3-           Como funciona a Casa Lar?

A Casa Lar funciona durante 24 horas por dia ininterruptos, no entanto os setores de trabalho se diferenciam nos horários conforme segue:

a)                    Setor de enfermagem: enfermeiro padrão com plantão das 8h às 17h de segunda a sexta-feira;

b)                    Setor de auxiliar de enfermagem e cuidador de idosos: em plantões de 12h por 36h sendo o diurno das 7h às 19h e o noturno das 19h às 7h;

c)                    Setor de limpeza: em plantões de 12h por 36h diurno das 7h às 18h;

d)                    Setor de cozinha: em plantões de 12h por 36h diurno das 7h às 19h.

Para o abrigamento faz-se necessário a realização dos seguintes exames médicos: Raio-X de tórax, HIV, Tuberculose, Hepatite B e C, Hemograma Completo, Glicemia, Exame de fezes e urina. O responsável pelo idoso deverá levá-lo a consulta médica para solicitar os exames e de posse dos resultados pedir um atestado de saúde.

A unidade oferece um cardápio alimentar compatível com as necessidades dos idosos abrigados e sempre com orientação de uma nutricionista pertencente a equipe da SASC responsável pela Segurança Alimentar de todas as unidades. Ao dia são servidas seis refeições diárias sendo café da manhã, colação, almoço, café da tarde, jantar e ceia.

Os cuidadores e os auxiliares de enfermagem são responsáveis pelo acompanhamento e autoajuda da higiene pessoal e alimentação de cada idoso, bem como o acompanhamento em consultas médicas, exames, fisioterapias e outros tratamentos que se fizerem necessários.

           

 

4-           Qual é o público-alvo da instituição?

De acordo com o regimento interno da unidade a Casa Lar destina-se ao abrigamento de idosos acima de 60 anos, quando esgotada todas as possibilidades de autossustento e convívio com os familiares. Porém devido a falta de unidade municipal de abrigamento para atender pessoas adultas com deficiência a Casa Lar vem acolhendo tal público de forma provisória, porém somente com encaminhamento da 14ª Promotoria Pública.

 

5-           Quais os critérios para abrigamento na Instituição?

Idosos encaminhados pelo CREAS, 14ª Promotoria Pública e Hospitais; Idosos residentes em Maringá; Idosos com vivência em situações de violência e negligência; Idosos em situação de rua e de abandono; Idosos com vínculos familiares fragilizados ou rompidos.

 

6-           Qual o período do abrigamento?

O abrigamento poderá ser por um período provisório dependendo do motivo ou de longa permanência.

 

7-           Os idosos recebem algum benefício financeiro?

Sim, apenas um abrigado não recebe benefício devido problema com seus documentos. Atualmente temos 04 aposentados, 03 BPC/Idoso, 05 BPC/PCD, 02 pensionista.

 

8-           Se tiver a chance de ser reintegrado à família, como você procede?

Realizamos um trabalho junto a família para que ela possa receber o usuário através de orientações acerca do problema de saúde, sobre as adaptações necessárias de acordo com as normas da ABNT caso necessário. São realizadas visitas técnicas periódicas e a desinstitucionalização é feita gradativamente. Primeiramente o usuário vai para a casa da família passar um dia, um fim de semana, um período maior e por fim é reintegrado. Este processo é acompanhado através de escuta qualificada e orientação tanto ao familiar quanto ao abrigado. Existe a necessidade de uma readaptação de ambas as partes e por isso este processo é feito gradualmente.

 

9-           Você trabalha promovendo o vínculo familiar e comunitário?

Sim, o trabalho social acontece de diversas formas:

Incentivamos a visitação na unidade, bem como solicitamos que os familiares venham buscar os idosos para passear e passar datas comemorativas em família (natal, páscoa, dia das mães e dos pais, ano novo, aniversário). Realizamos passeios com frequência com todos os idosos independente, exceto com os acamados. Podemos citar no último ano: Passeio de jardineira aos pontos turísticos de Maringá; Passeio pela praça central para observar a decoração natalina e assistir ao coral; Passeio no Arautos do Evangelho para assistir a peça de teatro sobre o nascimento de Jesus; Participação nos bailes de idosos proporcionados pela SASC; Participação na missa da Capela Santa Rita de Cassia; Atividades de lazer integrada com os idosos do Centro Dia João XXII; Passeio na feira livre de rua, nas lojas para compra de roupas e sapatos, no shopping para lanchar; A unidade recebe visita de grupos voluntários da comunidade onde proporcionam atividades de lazer e de oração. Realização da festa de aniversário com participação dos familiares e moradores do condomínio morada do sol. Acompanhamento dos idosos ao banco para receber o benefício.

 

10-        Qual o grau de vulnerabilidade e dependência mais frequente desses idosos?

De acordo com Resolução - RDC nº 283, de 26 de setembro de 2005 do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária os graus de dependência do idoso são:

a) Grau de Dependência I - idosos independentes, mesmo que requeiram uso de equipamentos de auto-ajuda;

b) Grau de Dependência II - idosos com dependência em até três atividades de autocuidado para a vida diária tais como: alimentação, mobilidade, higiene; sem comprometimento cognitivo ou com alteração cognitiva controlada;

c) Grau de Dependência III- idosos com dependência que requeiram assistência em todas as atividades de autocuidado para a vida diária e ou com comprometimento cognitivo.

            Atualmente a Casa Lar acolhe:

·                                 2 idosos com grau de dependência I

·                                 2 idosos com grau de dependência II

·                                 12 idosos com grau de dependência III

 

11-        Já houve casos de reinserção familiar?

            Sim, desde que estou atuando na unidade houve 03 casos de reinserção familiar:

·                                    01 idosa que estava abrigada aguardando a liberação de uma cirurgia e a reforma de sua residência que foi feita com o apoio dos irmãos da mesma e com o benefício da idosa;

·                                    01 pessoa com deficiência com menos de 60 anos que após sofrer acidente de transito ficou com sequelas e pelo fato de não ter vinculo familiar veio para a unidade. Foram localizados dois irmãos no Estado de Rondônia que após vários contatos telefônicos vieram buscá-la.

·                                    01 pessoa com deficiência, cadeirante, com aproximadamente 30 anos, em situação de extrema vulnerabilidade foi necessário atuação conjunta com o CREAS, pois envolvia crianças abrigadas e marido com problema de alcoolismo. Com o BPC da usuária foi possível colocar em dia as prestações da casa da Cohapar que estava atrasada, religar água e luz, e reformar a residência adaptando-a para uma cadeirante e adquirindo novos móveis.

 

 

 

12-        Os idosos são atendidos pela equipe do PSF-(Programa Saúde da Família)?

Sim, o médico do PSF faz visita periódica de terça-feira atendendo 3 idosos por visita.

 

13-        Em casos de internamento quem fica responsável pelo acompanhamento do idoso?

A unidade é responsável por acompanhar o idoso na consulta médica e caso seja necessário o internamento um familiar é acionado para acompanhar durante o período de internamento. Em falta de um familiar o beneficio do idoso que se encontra na unidade é utilizado para custear um cuidador para permanecer em período integral no hospital, visto que o número de funcionários da Casa Lar não é suficiente para mantermos este tipo de atendimento.

 

14-         Qual o procedimento quando o idoso vem a óbito?

Se o óbito for na unidade é chamado o SAMU para constatar o óbito, posteriormente o IML e comunicado os familiares para que eles deem prosseguimento ao processo      burocrático. Na falta do familiar, a assistente social ou a coordenação da unidade         serão responsáveis pelos tramites necessários para o enterro que será custeado         pela Prefeitura Municipal de Maringá, através do auxílio-funeral.

 

 





[1]          Antonia Pinheiro Goto, relato de experiência vivido em meu local de trabalho Casa-Lar Benedito Franchini em Maringá-PR
 
[2]              Antonia Pinheiro Goto, relato de experiência vivido em meu local de trabalho Casa-Lar Benedito Franchini em Maringá-PR
[3]              Antonia Pinheiro Goto, relato de experiência vivido em meu local de trabalho Casa-Lar Benedito Franchini em Maringá-PR
[4]              Antonia Pinheiro Goto, relato de experiência vivido em meu local de trabalho Casa-Lar Benedito Franchini em Maringá-PR
[5]              Idem

Um comentário:

Laura Lopes de Paiva disse...

Querida comadre!

Parabéns!

Sua defesa foi uma vitória alcançada, resultado de muito esforço, competência e garra.

Estou feliz por você.

Que Deus continue te abençoando com muitos amor e sabedoria a cada dia na ação social.

Beijos,